Novo fármaco abre caminho à cura de aneurismas cerebrais

Cientistas japoneses estão a desenvolver um tratamento para combater aneurismas cerebrais provocados por mutações.

Um aneurisma cerebral corresponde a uma zona fragilizada da parede de um vaso sanguíneo intracraniano, que tende a dilatar-se e a ficar preenchida com sangue.

Geralmente, os aneurismas formam-se na zona da bifurcação das artérias, por ser a zona mais frágil da sua estrutura, como é explicado no site da CUF.

Entre as causas de um aneurisma cerebral sabe-se agora que podem estar uma série de mutações.

Foi o que revelou um estudo publicado na última quarta-feira, na Science Translational Medicine, por cientistas japoneses do RIKEN Center for Brain Science (CBS).

Essa descoberta abriu caminho para o desenvolvimento de um tratamento farmacêutico que já se sabe que resulta em ratos.

Muitas vezes fatais, os aneurismas cerebrais podem passar despercebidos, até ao seu rompimento.

Há vários tipos de tratamento para curar este tipo de doença, nomeadamente através de cirurgia, de embolização ou de medicação.

A cirurgia consiste na interrupção do fluxo sanguíneo no aneurisma, através de um clip metálico.

A embolização é uma alternativa à cirurgia. Passa pela inserção de um cateter através da artéria femoral até ao aneurisma, permitindo bloquear a circulação e desencadear a coagulação do sangue.

A medicação pode ser útil no alívio dos sintomas, e, uma vez que a cirurgia traz riscos – principalmente em aneurismas em locais mais sensíveis -, encontrar alternativas não cirúrgicas é fundamental.

Fármaco promissor

Para enfrentar esse desafio, os cientistas iniciaram um estudo com o propósito de entender a origem dos aneurismas e explorar possíveis tratamentos.

“A descoberta inesperada de que mais de 90% dos aneurismas tinham mutações num conjunto comum de 16 genes indica que a mutação somática pode ser o principal responsável na maioria dos casos”, disse o líder do projeto Hirofumi Nakatomi, num comunicado à imprensa.

As mutações somáticas resultam de danos acumulados no DNA das células somáticas – todas as células do nosso corpo com exceção dos gametas. Essas mutações são a causa mais comum de cancro.

Uma investigação mais profunda revelou que todos os genes comuns desencadearam a mesma via de sinalização biológica: ‘NF-κB’.

PDGDRB – é nome de um dos genes ligados ao desenvolvimento de aneurismas.

Sunitinib – é um medicamento que bloqueia a sinalização anormal associada a mutações PDGDRB.

Ora, com o recurso a esse medicamento, os cientistas conseguiram inibir com sucesso a migração celular e a inflamação em células cultivadas.

Como teste, a equipa introduziu o mutante PDGFRB na artéria basilar de ratos.

Resultado: os animais tratados com sunitinib apresentaram artérias robustas e de tamanho normal, enquanto os que não foram sujeitos ao tratamento apresentaram expansão e enfraquecimento significativo das artérias.

Os resultados demonstraram que, de facto, esta intervenção farmacológica pode prevenir a progressão de aneurismas.

Serão agora necessários mais estudos para verificar a eficácia do tratamento em humanos.

Hirofumi Nakatomi confessou que o maior desafio continua a ser detetar aneurismas cerebrais que não se manifestam.

“Os aneurismas que não rompem, geralmente, são detetados durante exames de saúde, mas, se esses testes não estiverem disponíveis, os aneurismas só vão ser detetáveis quando romperem”, explicou o cientista.

Miguel Esteves, ZAP //

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