O PS requereu esta quinta-feira os depoimentos por escrito do ex-Presidente Cavaco Silva, dos antigos primeiros-ministros Durão Barroso e Passos Coelho e a audição presencial do ex-comissário europeu Carlos Moedas, e atual candidato à Câmara de Lisboa, na comissão de inquérito do Novo Banco.
O anúncio dos pedidos do PS foi feito no Parlamento pelo coordenador do PS nesta comissão de inquérito, João Paulo Correia, um dia depois da audição de José Honório, ex-administrador do BES e Novo Banco, que revelou que o antigo presidente do BES Ricardo Salgado entregou, em 2014, um memorando a cada uma das autoridades políticas em que dava conta do “buraco gigante em que estava enfiado o GES”.
“Passadas poucas semanas, depois destas reuniões que Ricardo Salgado teve com todas estas autoridades políticas, depois de conhecerem a dimensão do buraco do Grupo Espírito Santo, decorreu o aumento de capital do BES de cerca de mil milhões de euros”, referiu, considerando que as autoridades políticas, europeias e nacionais, “nada fizeram para impedir este aumento de capital que gerou milhares de lesados” em Portugal.
Para o PS, há responsabilidades que “não estão suficientemente esclarecidas por parte destas autoridades políticas”.
“Neste sentido, o grupo parlamentar do PS irá requerer o depoimento escrito dos responsáveis políticos que sabiam do buraco do BES antes do aumento do capital e por isso iremos requerer os depoimentos escritos de Cavaco Silva, de Durão Barroso, de Pedro Passos Coelho e iremos requerer a audição presencial do doutor Carlos Moedas, uma vez que os ex-presidentes da República e os ex-primeiro-ministros gozam de uma prerrogativa regimental de só poderem depor por escrito nas comissões de inquérito”.
Segundo o semanário Expresso, Salgado fez, enquanto estava ainda no BES, uma ronda de reuniões com Cavaco Silva, Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque e Durão Barroso. O objetivo era abordar a situação e “assegurar as condições favoráveis para concretizar o aumento de capital do BES, imposto pelo Banco de Portugal”.
A segunda ronda de reuniões foi com Carlos Moedas, Cavaco Silva, Maria Luís Albuquerque, Passos Coelho e Paulo Portas, então vice-primeiro-ministro.
Cavaco Silva não foi questionado na comissão de inquérito à gestão do BES e do GES. Já Durão Barroso não respondeu às perguntas colocadas. O ex-primeiro-ministro e o seu secretário de Estado deram apenas algumas justificações.
As críticas do PSD
O pedido gerou reações no PSD. Duarte Pacheco falou, de acordo com a TSF, numa “aliança entre PS e narrativa de Ricardo Salgado” e que classifica de “execrável”.
“Sem dados novos, com base no depoimento, que já tinha acontecido na primeira comissão de inquérito, de administradores propostos por Ricardo Salgado, o PS vem abraçar a narrativa de Ricardo Salgado sobre a viabilidade do BES. Algo incompreensível. Esta aliança entre o PS e a narrativa de Ricardo Salgado é inaceitável, inesperada, execrável”, notou.
O deputado social-democrata lembrou que o Governo de Passos “nunca foi confrontado com uma proposta concreta de recapitalização do BES, fosse pública ou privada” e que como esta comissão de inquérito está a investigar “aquilo que o governo do PS fez, o seu comportamento, a alienação do banco, o modo como acompanhou a gestão e automaticamente o comportamento do PS alterou-se”.
“Basta de brincar com os portugueses! O PS brincou durante anos com o Novo Banco e está hoje a brincar com o parlamento e com esta comissão de inquérito”, disse, deixando um apelo para que o “bom senso impere”, de modo a que “o parlamento não saia mais desprestigiado por comportamentos de brincadeira” do PS.
Já o presidente do PSD, Rui Rio, relacionou o pedido feito pelo PS para ouvir Carlos Moedas no inquérito sobre Novo Banco com as próximas eleições autárquicas, ironizando que podem chamar também ao processo os candidatos do PSD ao Porto e Gaia.
“Aproveitando a embalagem, o PS podia chamar também ao processo Vladimiro Feliz e António Oliveira. Era três em um”, ironizou Rui Rio, no Twitter.
https://twitter.com/RuiRioPSD/status/1375059690367893515
Vladimiro Feliz foi anunciado pelo presidente do PSD como candidato à Câmara Municipal do Porto e António Oliveira para Vila Nova de Gaia esta terça-feira depois de Carlos Moedas ter sido revelado como o nome escolhido para Lisboa no final de fevereiro.
Ex-ministra Maria Luís Albuquerque ouvida em abril
A antiga ministra das Finanças do governo PSD/CDS-PP, Maria Luís Albuquerque, será ouvida na comissão de inquérito às perdas no Novo Banco no dia 1 de abril, de acordo com o calendário de audições da próxima semana.
A antiga ministra do governo de Passos será ouvida pelas 9h30 de quinta-feira.
Para a próxima semana estão ainda marcadas audições ao antigo presidente do Fundo de Resolução José Ramalho (terça-feira às 15h) e ao antigo diretor do departamento de supervisão prudencial do Banco de Portugal Vasco Pereira (quarta-feira às 9h30).
Vários partidos, nos pedidos iniciais de audições, ainda no ano passado, já tinham requerido a presença de Maria Luís Albuquerque na comissão, por se tratar da ministra em funções aquando da resolução do Banco Espírito Santo (BES).
O coordenador do PS na comissão de inquérito, João Paulo Correia, disse que as audições que já tiveram lugar “têm demonstrado que a linha de apoio à banca disponibilizada pelo programa da troika esteve em cima da mesa até julho de 2014 e só não foi aplicada ao BES por decisão política do governo à época, mais concretamente da senhora ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque”.
Maria Campos, ZAP // Lusa
Execrável é ainda estarem soltos e sem terem sido arrestados todos os bens!
Nunca avalies os outros pela tua bitola e pelas tuas práticas. Não penses que os outros são como tu.
Aí está o PS. E quando foi o Vitor Constancio????
Os intocáveis!!!!
O professor e os bons alunos… que anjinhos.
Eu sempre ouvi dizer isso: “sacana, sacana e meio”! Então acham que é só malhar nos outros? Os outros são o saco de pancadas em que se pode bater à vontade? Ah, pois é, “quem se mete com o PS leva”, já dizia o adinossauro da política. A sabedoria popular também nos avisou: Quem com ferro mata, com ferro morre!
Aonde digo “adinossauro”, quero dizer “dinossauro”.
Confesso que gostei do termo adinossauro 🙂
Não era necessário corrigir! Adinossauro está muito bem. E o que é um adinossauro? É um ser que se parece com um dinossauro mas não é!
Que “equipa”!…
“EXECRÁVEL” ???? Porquê? Estarão estes cidadãos nacionais acima dos outros portugueses? O que está primeiro, o país ou os partidos e a sua clientela? É que as asneiras são tantas, que deviam ser todos investigados e escrutinados por teram conduzido o país ao déficit e falência dos nossos dias. E a alguns ainda continuamos a pagar benesses, escritórios, carros e motoristas, porque razão? Acaso não lhes foi pago o tempo e o trabalho que fizeram? Porquê as regalias principescas na reforma? Haja vergonha e honestidade neste país de lordes e corruptos. Ninguém é mais do que o seu vizinho, ou viveremos na idade média? Iguais na lei, nos deveres, na justiça. Basta de ser erguidos áquilo que não são. Nascemos iguais, morremos iguais, somos todos humanos, não há uns mais do que os outros. Execráveis são os previlégios que têm ! E falta de vergonha de quem os utiliza os outros para pagar as suas manias de importância, julgando-se superiores ao cidadão comum.
E quantos do PS irão fazer companhia a estes? É que ainda hoje ouvi que o Novo Banco quer mais uns 500 milhões na conta, nestes últimos anos já lá vão alguns milhares de milhões, alguém está a alimentar o monstro que no meu entender mais-valia ter sido morte à nascença.