O autismo é uma alteração no desenvolvimento neurológico, que se inicia na infância e é caracterizado por dificuldades de comunicação e padrões comportamentais, interesses e atividades que tendem a ser restritos e repetitivos.
Conhecido cientificamente como Transtorno do Espectro Autista (TEA), o autismo é uma condição com um impacto significativo na vida das crianças.
Apenas 10 a 20% das crianças diagnosticadas com TEA antes dos 5 anos de idade são capazes de viver independentemente como adultos.
Mas, segundo um novo estudo publicado esta sexta-feira na Communications Biology, novas possibilidades de deteção precoce do autismo podem vir a surgir.
Os investigadores compararam os perfis metabólicos das crianças que acabaram por ser diagnosticadas com autismo com os das crianças que se desenvolveram de forma neurotípica.
Encontraram diferenças notáveis.
Segundo o presente estudo, das 50 vias bioquímicas diferentes, apenas 14 foram responsáveis por 80% do impacto metabólico do autismo.
As vias que sofreram mais alterações estão relacionadas com a resposta de perigo celular, uma reação celular natural e universal a lesões ou stress metabólico. O corpo tem salvaguardas bioquímicas que podem desligar a resposta de perigo celular assim que a ameaça passa.
A resposta de perigo das células é regulada principalmente pela adenosina-trifosfato (ATP), a moeda de energia química do corpo. Embora essas vias de sinalização de ATP não se desenvolvam normalmente no autismo, elas podem ser parcialmente restauradas com drogas farmacêuticas existentes.
“À nascença, o aspeto físico e o comportamento de uma criança que irá desenvolver autismo nos próximos anos são indistinguíveis dos de uma criança neurotípica. Na maioria dos casos, o destino da criança no que diz respeito ao autismo não está definido à nascença”, afirma coautor do estudo e professor da UC San Diego, Robert Naviaux.
O resultado é uma maior sensibilidade aos estímulos ambientais, e este efeito contribui para sensibilidades sensoriais e outros sintomas associados ao autismo.
Os investigadores esperam que, ao revelar as vias específicas relacionadas com ATP que estão alteradas no autismo, ajude os cientistas a desenvolver fármacos que visem estas vias para gerir os sintomas do TEA, e assim surgir uma nova possibilidade de tratamento da doença.