Nova teoria para resolver paradoxo do gato de Schrödinger: estamos num multiverso

ZAP // NightCafe Studio

Como é que um gato pode estar em dois estados diferentes, vivo e morto, em simultâneo? Todos os possíveis estados de uma partícula são válidos, sugerem investigadores — estão simplesmente em universos diferentes.

O problema apresentado em 1935 por Erwin Schrödinger tem dividido cientistas ao longo de décadas, à medida em que as evoluções sobre computação quântica exigem que se compreenda melhor os múltiplos estados em que operam os qubits em simultâneo.

Agora, um novo estudo da Universidade Autónoma de Barcelona sugere que esses múltiplos estados ocorrem em simultâneo nada mais nada menos que em universos diferentes.

Primeiro, é necessário entender o que é o gato de Schrödinger. O investigador sugeriu que um gato preso numa caixa onde se encontra um veneno que tem 50% de probabilidade de o matar consegue estar, ao mesmo tempo, vivo e morto, até que alguém abra a caixa e verifique qual o estado e que se encontra o animal.

Um objeto quântico pode, portanto, estar simultaneamente em diferentes estados, sem que nos seja possível auferir qual. Como é isto possível?

Philipp Strasberg, Teresa E. Reinhard e Joseph Schindler explica, que, na verdade, se a teoria do multiverso for real (ou seja, a ideia de que existe mais do que o Universo em que vivemos), o gato de Schrödinger pode mesmo estar vivo e morto, em universos diferentes, explica a Science Alert.

Mas este multiverso sugerido pela equipa não é apenas uma apropriação da teoria da astrofísica. A proposta destes investigadores baseia-se, em grande parte, no pressuposto de que todas as possibilidades de um sistema quântico constituem um universo, um conceito conhecido como teoria dos muitos mundos, sugerida em 1957, pelo físico americano Hugh Everett.

O que torna os universos distintos, de acordo com esta teoria, é a forma como cada onda se correlaciona com uma medição específica de outras ondas, um fenómeno a que se chama emaranhamento.

E é precisamente o emaranhamento que justifica porque é que o gato de Schrödinger está sempre ou vivo ou morto, mas nunca entre os dois, explicam os cientistas.

Devemos, portanto, imaginar todas as possibilidades de estados de uma partícula como igualmente válidas, cada uma representando o seu próprio universo particular. Destes muitos mundos, apenas um é integrado no nosso quando encontra a nossa vasta rede de possibilidades estabelecidas, e atribuímos-lhe então a classificação de “real”.

Assim, o estado “real” é selecionado de uma oferta de múltiplos outros estados, que a Science Alert classifica como uma espécie de “lotaria”. Se o gato estiver morto quando abrimos a caixa, noutro estado (outro universo), estará vivo.

Mas esta fusão de mundos acontece a um nível tão pequeno, tão rapidamente, que um número relativamente pequeno de partículas pode rapidamente eliminar a imprecisão de um estado indeciso, fazendo com que a neblina quântica praticamente desapareça na mais pequena das escalas.

“Uma vez que os objetos da vida quotidiana contêm um grande número de partículas, isto explica porque é que o multiverso não é diretamente percetível para nós“, escreve a equipa.

É claro que esta explicação continua a basear-se no pressuposto de que todos os universos se comportam desta maneira, e que também não têm em conta as complexidades da relatividade geral.

Ainda assim, é um passo em frente para desvendar um enigma que parece descabido (assim como esta teoria), mas que é na verdade uma das maiores intrigas que têm de ser desvendadas na história da física quântica.

Carolina Bastos Pereira, ZAP //

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