O cancro do endométrio, um dos cancros ginecológicos mais comuns, poderá ser detetado mais cedo e com maior precisão graças à Inteligência Artificial (IA). Espera-se que o novo modelo vá além do diagnóstico deste tipo de cancro.
Um estudo publicado na mais recente edição da Computer Methods and Programs in Biomedicine revelou um novo modelo de IA capaz de deter cancros com 99,26% de precisão.
Como escreve em comunicado a Charles Darwin University (CDU), na Austrália, que fez parte da investigação, o modelo – denominado ECgMPL – examina imagens histopatológicas (imagens microscópicas de tecido utilizadas na análise de doenças), sendo capaz de identificar as áreas mais importantes e analisar o tecido.
“O modelo ECgMLP proposto supera os métodos existentes ao atingir uma precisão de 99,26%, ultrapassando a aprendizagem por transferência e outros modelos personalizados, ao mesmo tempo que é computacionalmente eficiente”, enalteceu Asif Karim, coautor do estudo e professor de Tecnologia da CDU.
“O ECgMLP generaliza-se bem através de múltiplos conjuntos de dados histopatológicos, tornando-o assim uma solução robusta e clinicamente aplicável ao diagnóstico do cancro do endométrio“, acrescentou.
O cancro do endométrio é, atualmente, o cancro ginecológico mais comuns em todo o mundo. Se for detetado a tempo, é perfeitamente tratável.
No entanto, quando se espalha para fora do útero, o diagnóstico complica-se. O diagnóstico atempado é, por isso, fundamental para salvar vidas. E este novo modelo de IA é uma excelente notícia para a comunidade médica.
Eficaz noutros tipos de cancro
Niusha Shafiabady, da Universidade Católica Australiana, disse que o modelo também trará benefícios além do diagnóstico do cancro do endométrio.
“A mesma metodologia pode ser aplicada para a deteção precoce e o diagnóstico rápidos e precisos de outras doenças, o que, em última análise, conduz a melhores resultados para os doentes”, afirmou.
“Avaliámos o modelo em vários conjuntos de dados de imagens histopatológicas. Diagnosticou o cancro colorrectal com 98,57% de precisão, o cancro da mama com 98,20% de precisão e o cancro oral com 97,34% de precisão.
“O modelo central de IA desenvolvido através desta investigação pode ser adotado como o cérebro de um sistema de software a ser utilizado para ajudar os médicos a tomar decisões no diagnóstico do cancro”, acrescentou a especialista, citada no comunidado.
Esta não se trata de uma ferramenta concebida para substituir os profissionais de saúde, mas sim para ser utilizada em colaboração com especialistas em cancro para detetar com precisão a doença e controlar o sucesso do tratamento.