Cientistas ambientais descobriram resíduos de plástico que se parecem com pedras. As amostras analisadas eram feitas principalmente de polietileno e polipropileno, materiais usados em sacos de plástico e embalagens.
Segundo o Science Alert, estes pequenos pedaços de plástico, chamados piroplásticos, são criados quando o plástico é aquecido durante o processo de fabrico ou quando pedaços de plástico são derretidos por processos desconhecidos no ambiente. Estes são então desgastados da mesma forma que as rochas, deixando microplásticos por todo o lado.
“Os piroplásticos são evidentemente formados a partir do derretimento ou da queima de plástico e são distintamente diferentes dos plásticos marinhos manufaturados (primários e secundários) em termos de origem, aparência e espessura”, escrevem os investigadores no artigo publicado na revista Science of The Total Environment.
“Uma vez que os piroplásticos já foram recuperados em praias de Espanha e de Vancouver, isto mostra que não são um fenómeno regional, e suspeita-se que a sua distribuição seja generalizada”, dizem ainda.
A investigação foi levada a cabo pelo cientista ambiental Andrew Turner, da Universidade de Plymouth, no Reino Unido. Juntamente com alguns colegas, o investigador analisou quase 200 pedaços de plástico encontrados em várias praias de Whitsand Bay, na Cornualha; nas Órcades, arquipélago na Escócia; no Condado de Kerry, na Irlanda; e no noroeste de Espanha.
A equipa submeteu as amostras a testes e descobriu que eram feitas principalmente de polietileno (comummente usado em sacos de plástico e embalagens), polipropileno (plástico rígido também usado em embalagens e recipientes), ou uma mistura de ambos.
Além disso, a análise de fluorescência de raios-X revelou a presença de chumbo, muitas vezes acompanhada de cromo, o que implica a presença de cromato de chumbo, um composto que pode ser misturado com plástico para dar-lhe um tom amarelo, vermelho ou laranja.
O uso desta substância foi reduzido graças à Diretiva de Restrição de Substâncias Perigosas (RoHS), adotada em fevereiro de 2003 pela União Europeia, mas as quantidades encontradas nestas amostras excedem os limites da diretiva, o que implica que o plástico é anterior a esse ano.
E, de acordo com o Science Alert, é aqui que as coisas ficam verdadeiramente preocupantes. Algumas das amostras analisadas foram encontradas nos tubos de carbonato de cálcio do verme marinho Spirobranchus triqueter.
De acordo com os investigadores, isto sugere que os compostos do plástico podem ser parcialmente biodisponíveis, ou seja, podem ser absorvidos pelo organismo. Desta forma, se o chumbo pode ser absorvido pelos vermes, também poderá estar nos seus excrementos ou ser passado para os predadores destes animais.
Os investigadores sugerem que se façam mais pesquisas para determinar quanto deste plástico camuflado está escondido por aí. Só então poderemos medir com precisão a quantidade de microplásticos e compostos perigosos que estão a libertar no ambiente.