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Nota artística: há Jardim na Boavista, há perfume Gaitán em Braga

Não foi há muitos anos que Sporting de Braga e Boavista lutaram pelo título, pelo primeiro lugar. Agora o contexto é outro: os primeiros querem ficar no pódio da classificação correta e os segundos não querem ficar no pódio da classificação invertida. E têm direito a isso! Por isso, vão à luta!

Eis um Boavista sem portugueses. Que diferença em relação ao Boavistão campeão do Jaimão. Bem, já se passaram duas décadas. Já foi há um tempão.

Do lado bracarense: Al Musrati fora da ficha de jogo? Já não jogou contra o Rio Ave e agora nem aparece por cá… Ah, o Ramadão. Jejum. Falta de forças, pois. Um treinador que tem futebolistas muçulmanos no plantel vê a vida complicar-se um pouco, nesta altura. Mas há que respeitar.

O jogo começa e Léo Jardim brilhou logo ao terceiro minuto, impedindo o primeiro golo do Sporting de Braga. Este Jardim haveria de brilhar várias vezes, ao longo deste duelo.

E convém brilhar. Ou, pelo menos, convém estar atento: vamos olhar para os cinco defesas (sim, foram cinco) que Jesualdo Ferreira colocou no seu onze titular. Adil Rami, já se sabe, contabiliza 35 anos. Mas Chidozie Awaziem tem 24 anos, Yanis Hamache 21, Jackson Porozo soma 20 anos e Nathan Santos tem 19 anos. Muita juventude.

Mas os jovens foram cumprindo lá atrás, travando as diversas iniciativas ofensivas do Sporting de Braga. Nesta fase inicial, mas não só, houve fases de ataque massivo por parte dos homens da casa.

E tanto ataque massivo haveria de dar em golo. Pois deu: perto da meia hora, aí está, golo de Sebastián Pérez. Golo. Do Boavista. Quantas vezes já ouviste a frase “foi contra a corrente do jogo”? Eis mais um desses exemplos.

Mas os minhotos não tremeram. Liderados por um número 10 que andava ali pelo meio. Nunca tinha ouvido falar dele, parece que se chama Osvaldo Fabián Nicolás Gaitán. Mas não é o Osvaldo que passou pelo Porto e que prefere cantorias. É outro. Este é Nicolá, olha o papá, e sabe o que é jogar à bolá. Às vezes. E nesta vez soube. O seu treinador, Carlos Carvalhal, tinha dito que faltou perfume no duelo com o Rio Ave. Gaitán traz esse perfume à equipa.

Traz perfume e traz resultados: o seu cruzamento foi para o sítio certo e Fransérgio empatou, de cabeça. A injustiça ficou assim atenuada, perto do intervalo.

A segunda parte iniciou com uma grande penalidade. O mesmo Gaitán caiu mas, afinal, lá de Oeiras anunciaram que a falta foi cometida fora da área.

Pouco depois, um dos tais jovens defesas, o Porozo, foi expulso. Segundo cartão amarelo. Um jogador do Boavista expulso neste campeonato? Ai sim? Foi a oitava vez que isso aconteceu. É a equipa recordista neste contexto. Mas, em casos como este, seria necessário?

Olha aí, livre perigoso do João Novais; grande defesa do Jardim. Agora é o Ricardo Horta; grande defesa do Jardim. No confronto entre a Horta e o Jardim, o Jardim é mais bem regado.

O jardim é verde. Por isso, quem é ou já foi verde, conhece melhor o jardim e tem mais probabilidade de o vencer: eis o golo do Šporar. Após para aí umas dez situações de golo e umas sete defesas (ou mais) do tal Jardim, só a oito minutos do final é que o Sporting de Braga conseguiu o que merecia.

Venceu a equipa e venceu o Fransérgio, que depois do último apito foi falar com o compatriota Jardim para dar ao guarda-redes os parabéns pela sua exibição. Naquela noite, foi a atitude mais bonita na cidade.

Penso que vem aí o Carvalhal. E penso que vem falar sobre a sequência de jogos e sobre as lesões. Ai não! Desta vez fechou-se em copos e copas sobre esse assunto…

…e levantou a estima dos seus jogadores que, nesta partida, deram três passos em frente. Não sei se deram três passos, mas deram três pontos.

Quanto ao Boavista, a série positiva foi travada em Braga mas não chorem porque isto ainda não é uma seca de pontos. Ainda.

Nuno Teixeira, ZAP //

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