Os norte-coreanos vivem numa espécie de utopia e se estiverem a morrer de fome, acreditam que a vida é pior fora da Coreia do Norte. Mas há quem se atreva a olhar além, fugindo do regime repressivo de Kim Jong-un. E é sobre esses que fala o documentário “Beyond Utopia” (Além da utopia).
Este documentário premiado da realizadora Madeleine Gavin já foi definido como “um thriller da vida real” porque acompanha a fuga de desertores da Coreia do Norte.
As filmagens em tempo real foram feitas pelos próprios desertores e mostram os perigos e as dificuldades da fuga para a liberdade.
Assim, podemos acompanhar uma caminhada de 10 horas pela selva durante a noite, com passagens por canais fortemente vigiados pelas autoridades em barcos que parecem bastante frágeis.
Para chegar à segurança da Coreia do Sul, quem foge da vizinha do norte tem de passar por China, Laos, Vietname e Tailândia, mudando frequentemente de estradas para evitar os checkpoints das forças de segurança.
Um dos momentos mais difíceis do percurso é a travessia do rio que separa a China da Coreia do Norte. Além dos desafios naturais do curso de água, agravados quando há gelo, é também preciso enganar os “passadores” que capturam os desertores do lado chinês para os vender ao regime norte-coreano.
E se porventura forem apanhados a tentar fugir, os norte-coreanos enfrentam duros castigos, incluindo a prisão, espancamentos, trabalhos forçados e até a morte.
Apesar de todo o perigo envolvido, milhares de norte-coreanos terão desertado da Coreia do Norte desde os anos de 1950. Não há números oficiais sobre as fugas.
Destes milhares, muitos estarão escondidos na China, o que é um risco também devido às ligações entre o regime de Kim Jong-un e a China. Se forem apanhados e denunciados, a China reenvia-os para o seu aliado norte-coreano.
Imagens de câmara escondida da Coreia do Norte
O documentário foi inspirado no livro “The Girl With Seven Names” [A rapariga com sete nomes] de Hyeonsoo Lee que foi lançado nos anos de 1990 e que é um relato da fuga da própria autora da Coreia do Norte.
Muitas das filmagens usadas no filme foram feitas pelos próprios desertores durante a fuga, mesmo correndo o risco de não poderem ser usadas, até porque era importante proteger “casas seguras” em alguns dos países atravessados.
“Não havia outra forma de fazer este documentário sem ser assumindo esse risco”, explica Madeleine Gavin citada pela revista Forbes.
A realizadora também encontrou imagens de câmara escondida filmadas na Coreia do Norte nos anos de 1990, algumas das quais registadas com telemóveis contrabandeados para o país.
“Quando vi como a vida era realmente, quando vi que as pessoas estavam a sofrer e que nunca ouvíamos falar delas, ou pensávamos nelas, foi uma indignação“, nota ainda Gavin.
Actualmente, é ainda mais difícil deixar a Coreia do Norte devido à “obsessão” de Kim Jong-un com “a entrada e saída de informações do país”, explica também a cineasta.
O líder norte-coreano vê os desertores “como informação, porque se alguém sair e entrar em contacto com alguém de dentro, poderá dar informações sobre o mundo exterior”, destaca Gavin.
Por isso, Jong-un aumentou as sanções para quem tentar fugir do país, e deu indicações para atirar a matar na fronteira.
O Pastor que acompanha os desertores nas fugas
A realizadora Madeleine Gavin foi desafiada por produtores para fazer “Beyond Utopia”, o que a levou a pesquisar “durante meses” e a ficar “mais e mais obcecada com o que se passava na Coreia do Norte”, diz à Forbes.
Nas suas pesquisas, conheceu o Pastor Seung-eun Kim, um líder religioso que ajuda pessoas a fugirem da Coreia do Norte.
Deste modo, trabalharam juntos para mostrar ao mundo a realidade, seguindo dois casos de desertores que o Pastor estava a ajudar – um filho em fuga, e a família Roh (uma avó, um pai e uma mãe, e as duas filhas) que sofreu duros castigos por ter um familiar que já tinha desertado.
“A família atravessou o rio a fugir às cegas, sem saber para onde estava a ir“, conta Gavin na Forbes. Teve a sorte de encontrar um agricultor que “não os entregou imediatamente à polícia chinesa, o que muita gente teria feito”, acrescenta.
O Pastor acompanha os desertores nas fugas, o que já lhe valeu uma fractura no pescoço por ter escorregado no gelo na travessia de rio entre China e Coreia do Norte. Também já levou um tiro e teve de fazer três cirurgias às costas.
Está “em constante sofrimento, muita, muita dor a toda a hora“, diz Gavin, notando que, apesar disso, não desiste da sua missão.
“Quando fez a promessa ao seu Deus, prometeu que não apenas dedicaria a vida a ajudar os norte-coreanos, mas que estaria presente em cada passo do caminho”, destaca a realizadora sobre o Pastor.
O documentário “Beyond Utopia” pode ser visto na Amazon Prime, Apple TV e no YouTube. Venceu o prémio de Melhor Documentário nos Festivais de Cinema de Estocolmo (Suécia), de Sundance (EUA) e de Sidney (Austrália).
Para o PCP e BE é uma Utopia e devemos seguir o ser exemplo da Coreia do Norte para sermos felizes e os US e Europa são os vilões…. Tenho certeza que os PCP e BE vão negar e vão alegar que é tudo inventado pelo ocidente.
Os do pcp e be devem emigrar para lá e terem oportunidade de vivenciar aquela maravilha de sociedAde fantástica Até se podem lá alistar para libertar Ucrânia dos nazizes. Marchem para lá, ala milhano.