No seu testamento, Beethoven fez um pedido. 200 anos depois, cientistas cumpriram-no

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Análises ao ADN do compositor clássico desvendam mistérios sobre a sua vida que os fãs nunca pensaram ver resolvidos. Pelo menos, não dois séculos após a sua morte.

No testamento que deixou aos irmãos 25 anos antes de morrer, em 1827, Beethoven pedia que estes dessem a conhecer ao público, após a sua morte, pormenores sobre o seu estado de saúde.

Sabe-se, hoje, que aos 40 anos o músico era completamente surdo. Numa carta aos irmãos, citada pelo Science Alert, Beethoven conta ter ficado “irremediavelmente aflito” com esse diagnóstico, e explica ter mesmo ponderado o suicídio.

No entanto, os restantes problemas que conduziram à sua morte estavam ainda cobertos de mistério.

“O nosso principal objetivo era esclarecer os problemas de saúde de Beethoven, que incluem a perda progressiva de audição, que começou em meados dos seus 20 anos e acabou por levá-lo a ficar funcionalmente surdo em 1818″, explicou o bioquímico Johannes Krause, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, na Alemanha, num comunicado de imprensa publicado o ano passado.

A partir dos 22 anos, o compositor começou também a sofrer de fortes dores abdominais e de diarreias crónicas. E seis anos antes da sua morte, surgiram os primeiros indícios de doença hepática, que se pensa ter sido, pelo menos em parte, responsável pela sua morte precoce, aos 56 anos.

Muitas causas foram apontadas para a morte do músico, e inclusivamente acreditou-se que pudesse ter sido provocada pela ingestão de bebida em copos de chumbo (que teria provocado envenenamento), mas essa teoria foi abandonada — o cabelo do músico tinha sido confundido com o de uma mulher.

Sabe-se, através de várias madeixas confirmadas como sendo muito mais prováveis de serem da cabeça do compositor, que a sua morte foi provavelmente o resultado de uma infeção por hepatite B, exponenciada pelo consumo de álcool e por outros fatores de risco de doença hepática.

“Não conseguimos encontrar uma causa definitiva para a surdez de Beethoven ou para os seus problemas gastrointestinais”, conta Krause. E foi quando já se pensava que a investigação não ia a lado nenhum, havia uma surpresa escondida, reservada para o fim.

Comparando o cromossoma Y das amostras de cabelo com os de parentes modernos descendentes da linha paterna de Beethoven, as análises apontam para uma incompatibilidade.

De acordo com a Science Alert, isto sugere atividade sexual extraconjugal nas gerações que antecederam o nascimento do compositor. Ou seja, alguém na família de Beethoven foi infiel, o que resultou numa alteração de cromossomas na linhagem do compositor.

“Esta descoberta sugere um evento de paternidade extraparental na sua linha paterna entre a conceção de Hendrik van Beethoven em Kampenhout, na Bélgica, em cerca de 1572, e a conceção de Ludwig van Beethoven sete gerações mais tarde, em 1770, em Bona, na Alemanha”, disse Tristan Begg, antropólogo na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e coordenador do estudo.

Embora não pareça que tenha sido isto que o jovem músico queria dizer quando escreveu o seu testamento, os seus fãs sabem agora, quase 200 anos após a sua morte, os segredos que mesmo o próprio Beethoven podia ignorar. Que outros mistérios escondem os fios de cabelo de um dos compositores mais célebres do mundo?

ZAP //

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