Secretário-geral do PCP elogiou os seus substitutos na campanha, mas deixou duras críticas ao PS pela opção manifestada por António Costa de ter um “governo à Guterres”.
Depois de uns primeiros dias de campanha acidentados, com a notícia da intervenção cirúrgica de urgência de Jerónimo de Sousa e o teste positivo à covid-19 de João Ferreira — um dos substitutos inicialmente designados, juntamente com João Oliveira —, a comitiva da CDU está novamente completa e na estrada, com o regresso do secretário-geral dos comunistas a ser marcado por duas arruadas, em Setúbal e Évora. Na primeira ação do dia, o foco esteve naturalmente em Jerónimo de Sousa, que em resposta aos jornalistas revelava que o mais difícil da sua ausência não foi a operação a que foi sujeito, mas ver a campanha a decorrer e não poder participar.
“Tive que me conformar e fazer de tudo para ficar bem o mais próximo possível. Tudo o que era preciso fazer, fez-se.” Deixou ainda uma reflexão relativa aos dias em que esteve fora da campanha para tratar da sua saúde. “Aprendemos a gostar mais da vida.” Já sobre os três dirigentes comunistas que o substituíram, Jerónimo só teve palavras elogiosas, mostrando-se satisfeito pelo “conjunto de quadros” que o partido tem e que “são de uma grande categoria”.
“Foi uma acertada decisão da direção do partido meter esses dois camaradas, três, a assumirem a tarefa de conduzirem a campanha, particularmente em termos de comunicação social, programa, debates. […] Temos um conjunto de quadros que são de uma grande categoria. É uma grande categoria que se mostrou em plena campanha. Valeu a pena a experiência“, ironizou.
Já em Évora, depois de uma arruada improvisada e perante um Teatro Garcia de Resende repleto, Jerónimo recuperou o seu discurso combativo, lançando-se num ataque acesso ao PS, a quem acusa de disfarçar mal a vontade de se encostar ao PSD”. “O PS agora tenta emendar a mão e diz que está disponível para dialogar com quase todos. É uma resposta que disfarça mal a vontade de se encostar ao PSD a seguir às eleições. Essa aparente ambiguidade do PS é tudo menos inocente”, atirou, citado pelo Observador. “É um sinal que deve deixar alerta todos os que estão com dúvidas no seu voto”.
“Prepara-se para um governo à Guterres. Governar lei a lei com o PSD é abrir a porta à política de direita. Não queremos que a direita entre nem pela porta nem pela janela”, atirou animando a assistência de Évora.
As críticas à dita direita também não faltaram, com o secretário-geral do PCP a entender que a “moderação, equilíbrio e simpatia” dos partidos deste espectro não passa de uma maquilhagem. “Uma direita que pode estar disfarçada, encenar diferenças face à truculência dos seus sucedâneos, mas não mudou a sua natureza nem os seus objetivos.
Sobre o papel que o PCP pode ter numa solução governativa — em linha com o que aconteceu nos últimos anos —, Jerónimo de Sousa considera que o PS parece “preparado para deixar para trás o caminho da recuperação de direitos que as circunstâncias políticas e a determinação das forças da CDU impuseram nos últimos anos”.