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No Egipto, filho de varredor não pode esperar ser juiz

O ministro da Justiça egípcio, Mahfuz Saber, suscitou esta segunda-feira controvérsia nas redes sociais, que o levou à demissão, depois de ter afirmado que o filho de um varredor não pode esperar tornar-se juiz porque se trata de uma função com muito prestígio.

No Egipto, mais de um quarto das pessoas vivem abaixo do limiar da pobreza, segundo estatísticas do Governo, embora a taxa seja provavelmente mais elevada. Grande parte da riqueza do país está concentrada nas mãos de uma pequena parte da população.

A função de magistrado tem “prestígio e um certo estatuto”, e o candidato deve ser proveniente de um “meio respeitável”, explicou no domingo o ministro Mahfuz Saber na televisão.

Interrogado sobre a possibilidade de o filho de um varredor poder aceder à função, respondeu: “ele afundar-se-ia em depressão e abandoná-la-ia“.

Os comentários indignados não tardaram a surgir no Twitter e uma campanha para pedir a sua demissão do Governo está a ter algum sucesso.

“O filho de um vendedor não pode trabalhar na magistratura mas pode morrer no Sinai para vos defender”, indignou-se um utilizador no Twitter.

O exército conduz uma ofensiva nesta península do leste do Egipto, onde um grupo jihadista aliado do movimento radical Estado Islâmico mata regularmente soldados em atentados.

“Quando um país perde o sentido de justiça social nada mais há a esperar”, escreveu na mesma rede social Mohamed ElBaradei, antigo vice-presidente do Egipto e antigo director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica.

Em 2014, as candidaturas de 138 aspirantes a funções no Ministério Público egípcio foram recusadas porque os seus pais não tinham diplomas universitários.

Ministro demite-se

Entretanto, o ministro Mahfuz Saber apresentou a sua demissão do cargo, na sequência da polémica gerada pelas suas declarações de domingo.

Segundo o gabinete do primeiro-ministro, Ibrahim Mahlab, a demissão foi aceite pelo chefe do governo.

As controversas declarações foram feitas no domingo na televisão e provocaram uma crescente polémica, sobretudo nas redes sociais.

/Lusa

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