A delegação negociadora do Hamas saiu do Cairo este domingo para consultar a liderança do movimento sobre a última proposta de Israel, que já pediu aos habitantes de Rafah para irem para “zonas humanitárias.”
A delegação abandonou a capital egípcia com destino ao Qatar, após dois dias de negociações sem acordo devido à exigência do Hamas de que a ofensiva militar israelita na Faixa de Gaza termine em troca das libertações de reféns na posse do movimento islamita palestiniano, disse fonte do Hamas citada pela Al Jazeera.
Israel sublinhou, no entanto, que não irá desistir do plano de tomar a região de Rafah, cidade no sul da Faixa de Gaza considerada por Israel o último reduto do Hamas, e onde se refugiam mais de 1,5 milhões de palestinianos deslocados pelo conflito que dura desde outubro do ano passado.
O exército israelita pediu aos habitantes da zona do sul da Faixa de Gaza para se deslocarem para “zonas humanitárias”.
“O exército está a encorajar os residentes da parte oriental de Rafah a deslocarem-se para as zonas humanitárias alargadas”, declarou, em comunicado.
“Iniciámos uma operação de escala limitada para retirar temporariamente as pessoas que vivem na parte oriental de Rafah”, disse um porta-voz do exército numa conferência de imprensa, repetindo: “Esta é uma operação de escala limitada”.
Questionado sobre o número de pessoas afetadas, o porta-voz disse que “a estimativa é de cerca de 100 mil pessoas (…) por enquanto”.
Em comunicado, o exército indicou que “os apelos à deslocação temporária para a zona humanitária serão transmitidos através de folhetos, SMS, chamadas telefónicas e mensagens em árabe nos meios de comunicação social”.
Um residente de Rafah disse à agência de notícias France-Presse que algumas pessoas tinham recebido mensagens de voz nos telemóveis para saírem e mensagens de texto com um mapa a mostrar para onde ir.
No mesmo comunicado, o exército disse ter “alargado a zona humanitária a Al-Mawasi”, a cerca de 10 quilómetros de Rafah, onde foram instalados “hospitais de campanha, tendas e um volume crescente de alimentos, água, medicamentos e outros artigos”.
“Este plano de evacuação foi concebido para manter os civis fora de perigo”, disse o porta-voz do exército, “o objetivo é lutar contra o Hamas, não contra o povo de Gaza. É por isso que estamos a proceder a esta evacuação temporária específica”.
O Hamas terá aceitado esta sexta-feira a 1.ª fase de tréguas, que prevê um cessar-fogo de até 40 dias e a libertação de 33 mulheres, crianças e prisioneiros mais velhos feitos reféns no ataque a Israel a 7 de outubro.
Netanyahu, quer “sabotar” negociações
O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, acusou Israel de sabotar os esforços de mediação para uma trégua em Gaza, associada a uma troca de reféns detidos neste território e de palestinianos detidos por Israel.
Em comunicado, Haniyeh defendeu que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, quer “inventar justificações constantes para a continuação da agressão, a extensão do conflito e a sabotagem dos esforços feitos pelos vários mediadores e partes“.
Ainda assim, o líder do Hamas garantiu que continua interessado em alcançar “um acordo abrangente e interligado” que ponha fim à guerra com Israel.
“O Hamas ainda está interessado em chegar a um acordo abrangente e interligado que ponha fim à agressão, garanta a retirada [de Israel] e consiga um acordo sério de troca de prisioneiros”, assegurou Haniye.
O líder do Hamas sublinha que o seu movimento participa nestas conversações com um caráter “sério e positivo”, como ficou demonstrado pelas “reuniões intensas” anteriores à reunião do Cairo, onde decorrem as negociações de paz, nas quais transmitiu “posições flexíveis”.
Haniye insistiu ainda que os Estados Unidos devem assumir um papel de liderança neste conflito, “em vez de fornecer armas para a destruição e o genocídio”.
Israel tem “indicações” de que Hamas não quer acordo
Netanyahu, por sua vez, avisou que não aceitará um acordo para a libertação dos reféns de Gaza que implique o fim da guerra ou deixar o Hamas “intacto”.
Netanyahu destacou a “vontade demonstrada por Israel” para chegar a um acordo e lembrou que os EUA consideram a última proposta “generosa”.
“Israel está disposto e continua disposto a aceitar uma trégua nos combates para libertar os reféns. Foi isso que fizemos quando libertamos os 124 reféns (em novembro) e depois voltamos à batalha. Também estamos dispostos a fazê-lo hoje”, disse.
O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, afirmou que Israel tem “indicações” de que o Hamas não quer fechar um acordo para a libertação dos reféns e, portanto, a ofensiva militar israelita sobre Rafah poderá começar “no futuro próximo”.
“Temos objetivos claros para esta guerra: a eliminação do Hamas e a libertação dos reféns”, afirmou Gallant, citado pelo jornal ‘The Times of Israel’.
O responsável israelita disse que foram detetados “sinais alarmantes de que o Hamas, na verdade, não tem intenção de celebrar qualquer tipo de acordo-quadro”.
“Isto significa que a operação em Rafah e na Faixa de Gaza como um todo ocorrerá num futuro muito próximo”, disse.
Gallant participou este domingo numa reunião com militares no corredor Netzarim, no centro da Faixa de Gaza e que divide o enclave palestiniano em dois.
Os países mediadores – Qatar, Egito e Estados Unidos – irão continuar os contactos com ambas as partes, apesar da saída da delegação do Hamas, segundo fontes citadas pela Al Jazeera. Segundo a egípcia Al-Qahera News, que cita fonte próxima das negociações, uma delegação do Hamas regressará ao Cairo na terça-feira para retomar o processo.
Em Doha é esperado nas próximas horas o chefe do serviço de informações dos EUA (CIA), William Burns, para encontros com o primeiro-ministro do Qatar, Sheikh Mohammed bin Abdelrahmane Al Thani, relacionadas com as negociações indiretas entre Israel e Hamas, disse à AFP fonte próxima das discussões, que solicitou anonimato.
O Qatar, onde o braço político do Hamas tem a sua sede, tem assumido um papel central nos esforços de mediação para um cessar-fogo na Faixa de Gaza e libertação de reféns.
ZAP // Lusa
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Mas alguém acredita que os sionistas querem paz?!
Só podem estar a brincar…
A culpa é sempre dos outros, ninguém gosta deles a mais de 2 mil , mas a culpa é dos outros…
Até tem armas nucleares quando todos os que as obtiveram foram sancionados, mas eles podem, a culpa é dos outros!..