“Nem sonhem”. A Hungria vai ver um lugar de topo em Bruxelas por um canudo

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O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, quer manter o controlo de Budapeste sobre o dossier do alargamento da UE. “Nem sonhem”, dizem diplomatas familiarizados com as conversas em curso.

Fartos das constantes obstruções do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, em relação à Ucrânia, os seus colegas líderes da UE planeiam punir Budapeste — dando ao seu país uma pasta sem importância na próxima Comissão Europeia, disseram ao Politico três diplomatas familiarizados com as negociações.

A Hungria quer manter o cargo de responsável pelo dossier do alargamento UE, que tem grande importância, devido às conversações sobre a adesão da Ucrânia ao bloco europeu.

Mas os governos nacionais não têm vontade de que o atual Comissário Europeu húngaro, Olivér Várhelyi  — ou, na realidade, qualquer outro húngaro — continue a desempenhar um papel tão importante, dizem os três diplomatas.

Orbán tem sido, sistematicamente, o aliado mais próximo do presidente russo Vladimir Putin na UE e os líderes europeus estão cada vez mais exasperados com o seu atraso na aplicação de sanções e com a sua oposição à entrega de fundos a Kiev.

A Hungria dificilmente irá manter o controlo de qualquer pasta poderosa, disse, sob anonimato, um dos diplomatas, que está envolvido nas sensíveis conversações entre os países da UE.

Nos últimos meses, Orbán tentou bloquear a ajuda à Ucrânia e ameaçou as negociações de adesão nos últimos meses. Em julho, os húngaros assumem a presidência rotativa de seis meses do Conselho da União Europeia, o que lhes dará poderes para definir a agenda política da UE.

Ainda assim, a nação da Europa Central mantém a esperança de que Várhelyi permaneça no cargo, que ocupa desde 2019, depois de ter sido proposto por Orbán e de ter assumido o controlo dos esforços do bloco para trazer novos membros.

Mas Várhelyi foi acusado de minar a política em relação aos países candidatos à UE, criando confusão num recente impasse com a Geórgia sobre a lei de “agentes estrangeiros”, amplamente condenada e vista como uma forma de o partido no poder de Tbilisi reprimir os meios de comunicação social, activistas e ONG da oposição.

Budapeste tentou anteriormente introduzir a sua própria versão das regras de estilo russo, deparando-se com a oposição de Bruxelas e das instituições jurídicas europeias.

“Depois deste desastre com Várhelyi e da forma como Orbán está a enfrentar a presidente da Comissão, é impossível que Ursula von der Leyen entregue alguma coisa importante a alguém próximo dele”, diz o diplomata.

Nem o gabinete de Várhelyi nem o Ministério dos Negócios Estrangeiros húngaro responderam a pedidos de comentário.

Um quarto diplomata já tinha levantado preocupações sobre o papel de Várhelyi nas negociações de adesão, uma vez que a Hungria se tem oposto abertamente à adesão da Ucrânia.

“É o que acontece quando se põe a raposa a tomar conta do galinheiro“, disse o enviado ao Brussels Playbook do Politico.

A nomeação de Várhelyi há cinco anos foi amplamente vista como uma oferta de paz para manter o governo de direita da Hungria ao lado de Bruxelas, da mesma forma que o Reino Unido, cada vez mais eurocético, recebeu um cargo de topo antes do Brexit em 2014, depois de o líder conservador David Cameron ter prometido um referendo em 2013.

Esta semana, o ministro lituano dos Negócios Estrangeiros, Gabrielius Landsbergis, apelou à Hungria que deixasse de atrasar um pacote militar de vários milhões de euros para Kiev.

Dias antes, Landsbergis tinha dito ao Politico que Budapeste estava por detrás da incapacidade da Europa para apresentar posições coerentes sobre a guerra em Gaza e a invasão da Rússia.

“Quase todas as nossas discussões e soluções e decisões necessárias da UE estão a ser bloqueadas por um único país“, afirmou o ministro lituano.

ZAP //

4 Comments

  1. O cavalo de Tróia que Putin tem na União Europeia, tem de ser confrontado com os factos. Se é amigo de Putin, é inimigo da Europa. A porta de saída, deve ser escancarada.

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  2. Voto a favor esse individuo, melhor esse país devia ser banido da UE, se não está com a Europa, está contra, só existe uma versão é estar com a europa.

  3. Orbán , já manifestou mais de que uma vez o seu apoio a V.Putin . Com uma U.E , a defender a Ucrânia e as Fronteiras da Europa , este País deveria ser expulso da U.E !

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