O presidente do conselho de administração do grupo K negou que tenha havido qualquer ato racista para com atletas, nomeadamente Nelson Évora, na discoteca Urban Beach, tal como este denuncia na sua página oficial no Facebook.
A denúncia de racismo foi feita na noite de segunda-feira, pelas 22h, no Facebook, tendo Nelson Évora escrito que na noite de 19 de abril foi-lhe negada a entrada na discoteca lisboeta Urban Beach por haver “demasiados pretos no grupo”.
A ida à discoteca fazia parte de uma surpresa organizada por amigos do atleta, que tinham mesas pré-reservadas na discoteca.
“Éramos um grupo de 16 pessoas com mesas pré-reservadas e não é que somos surpreendidos pelos responsáveis daquele espaço público. Porquê? Demasiados pretos no grupo“, lê-se no texto escrito pelo atleta.
Nelson Évora considera o caso narrado como racismo e acrescenta que no grupo de atletas estavam Francis Obikwelu, Naide Gomes, Carla Tavares, Susana Costa e Rasul Dabó.
A publicação, que esta manhã já conta com quase 40 mil “Gosto” e mais de nove mil partilhas, foi acompanhada de uma foto a segurar uma banana, uma referência ao caso do jogador do Barcelona Daniel Alves, que deu a volta a uma situação de racismo no futebol comendo a banana que lhe tinha sido atirada das bancadas.
Este contexto pode justificar o facto de Nelson Évora denunciar a situação apenas agora, mais de uma semana depois do sucedido, mas o atleta não prestou quaisquer declarações depois da publicação.
Grupo K nega insultos racistas
Cerca de duas horas depois de Nelson Évora tornar público o que alegadamente se passou à porta da discoteca Urban Beach, o presidente do conselho de administração do grupo K deixou uma mensagem no Facebook do atleta, dizendo-se surpreendido com as acusações feitas.
Em declarações à agência Lusa, Paulo Dâmaso negou que tenha ocorrido qualquer ato racista por parte dos funcionários da discoteca e disse estranhar que a denúncia só aconteça nove dias depois.
“Falei com o gerente do estabelecimento, falei com as pessoas que estavam nessa noite na porta, informei-me para saber realmente o que tinha acontecido, se [as acusações] teriam algum fundamento ou não e foi-me dito que não”, garantiu.
Segundo Paulo Dâmaso, o porteiro da discoteca não permitiu que o grupo entrasse porque “havia uma ou duas pessoas que estavam desenquadradas em termos do ambiente que é normal no Urban Beach”, ou seja, não corresponderiam ao dress code exigido.
O responsável pelo grupo K garantiu que Nelson Évora nunca fez uma reclamação formal, nem na noite dos acontecimentos nem depois, e estranhou que o venha fazer agora.
Acrescentou que o atleta poderia ter pedido o livro de reclamações ou chamar o gerente e que, caso o funcionário tivesse dito aquela frase, a empresa abriria um processo disciplinar.
Paulo Dâmaso apontou ainda que esta situação está a trazer prejuízos à empresa, mas disse preferir conseguir chegar à fala com o atleta antes de ponderar tomar outra iniciativa.
ZAP / Lusa