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A NASA está a levar restos mortais humanos para a Lua. Nem todos estão contentes

A decisão de levar restos humanos mortais para a Lua está a ser criticada por tribos de nativos americanos, dado o simbolismo sagrado do nosso satélite natural nestas culturas.

Os Estados Unidos estão prestes a fazer um histórico regresso à exploração da Lua, com o lançamento da primeira missão desde a era Apollo. Mas esta missão inovadora, uma colaboração entre a NASA e empresas privadas, não está isenta de controvérsias.

O módulo Peregrine, desenvolvido pela Astrobotic de Pittsburgh, levantou voo esta segunda-feira na sua jornada a bordo do foguete Vulcan Centaur da United Launch Alliance.

O objectivo principal do Peregrine é medir a radiação na superfície lunar e fornecer dados importantes para as próximas missões tripuladas da NASA no programa Artemis.

Mas aquilo que tem chamado à atenção é a carga do Peregrine. O módulo transporta cargas úteis da Elysium Space e da Celestis, que incluem restos humanos cremados e ADN destinados a ficar permanentemente na Lua.

Entre estes restos mortais estão os de Gene Roddenberry, o criador de Star Trek, e o autor de ficção científica Arthur C. Clarke. Os clientes pagaram mais de 12.995 dólares por este serviço funerário único, relata o Phys.

Este aspeto da missão atraiu críticas da Nação Navajo, a maior tribo indígena da América. Numa carta datada de 21 de dezembro, o Presidente da Nação Navajo, Buu Nygren, expressou profunda decepção com a NASA e o Departamento de Transportes, dado o simbolismo sagrado da Lua em várias culturas indígenas.

“O ato de depositar restos humanos e outros materiais, que poderiam ser percebidos como descartes em qualquer outro local, na Lua equivale à profanação deste espaço sagrado”, refere a carta.

As preocupações da Nação Navajo ecoam objeções passadas, como as levantadas durante a missão Lunar Prospector da NASA em 1998, que também envolveu a deposição dos restos mortais do famoso geólogo Eugene Shoemaker na Lua. A NASA já pediu desculpas e prometeu consultar as comunidades nativas americanas em missões futuras.

Em resposta à situação atual, Joel Kearns, da NASA reconheceu a importância das queixas levantadas pela Nação Navajo. “Levamos muito, muito, a sério as preocupações expressas pela Nação Navajo e achamos que continuaremos este diálogo”, disse Kearns aos jornalistas.

A Celestis teve uma resposta menos diplomática. “Respeitamos o direito de todas as culturas de se envolverem em práticas religiosas, mas nenhuma cultura ou religião deve exercer o veto em missões espaciais com base em princípios religiosos”, afirmou a empresa.

À medida que a NASA e outras agências espaciais navegam nestas novas fronteiras além da Terra, equilibrar o progresso científico com as questões éticas continua a ser um desafio significativo e que promete continuar a dar que falar. Tanto, que entretanto a missão falhou

Adriana Peixoto, ZAP //

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