“Não vou aos Jogos Olímpicos, não seria ideal para a minha saúde mental”

Robin Lehner falou com a família, falou com o seu psiquiatra e decidiu que não vai a Pequim, aos Jogos Olímpicos de Inverno. Medidas muito apertadas originaram esta postura.

A próxima edição dos Jogos Olímpicos de Inverno ainda nem começou mas está visto que não vai ficar na história como a edição mais pacífica de sempre. Robin Lehner adicionou mais um capítulo à “novela” chamada Pequim 2022.

Responsáveis dos Estados Unidos da América já tinham colocado a possibilidade de não haver representação diplomática norte-americana na cerimónia de abertura, marcada para o dia 4 de Fevereiro.

Activistas e alguns membros do Congresso em Washington pressionaram o presidente Joe Biden para boicotar a cerimónia, a nível diplomático. Seia uma forma de protesto contra o que consideram ser ataques aos direitos humanos na China, centrado no “genocídio” contra grupos muçulmanos na região de Xinjiang, onde muçulmanos estarão a ser presos, torturados e perseguidos. As autoridades locais já negaram esse cenário.

“Os Estados Unidos devem boicotar os Jogos Olímpicos na totalidade. Estar presente envia uma mensagem ao mundo: a América está disposta a olhar para o lado enquanto uma China comunista comete genocídio”, lamentou Nikki Haley, antiga embaixadora nas Nações Unidas.

Noutro contexto, Robin Lehner anunciou nesta segunda-feira que não vai jogar em Pequim. Lehner joga hóquei no gelo precisamente nos Estados Unidos, ao serviço da recente equipa Vegas Golden Knights, e é guarda-redes da selecção sueca.

O jogador da National Hockey League (NHL) tem noção de que representar a Suécia nos Jogos Olímpicos seria uma “oportunidade única” na sua vida mas decidiu não ir até à China por causa da sua saúde mental. E por causa das medidas anti-coronavírus que estão em vigor naquele país asiático.

Os Jogos Olímpicos vão avançar mas sem adeptos estrangeiros e, sobretudo, com medidas muito restritas à volta de todos os participantes, incluindo os atletas, que irão viver uma “bolha” bem curta, com restrições maiores das que foram impostas em Tóquio, no Verão. As deslocações serão controladas “ao milímetro” e os atletas irão realizar testes todos os dias.

“A realidade é que o que tem sido anunciado não seria ideal para a minha saúde mental. Demorei muito tempo a tomar esta decisão depois de falar com o meu psiquiatra e com a minha família”, escreveu o sueco na sua conta no Twitter.

Robin Lehner sublinhou que a prioridade é o seu bem-estar: “Estar fechado e não saber o que vai acontecer se testar positivo é um risco demasiado grande para mim”.

A Suécia parte novamente como favorita à conquista de uma medalha no torneio olímpico de hóquei no gelo, apesar de ter sido afastada nos quartos-de-final em 2018, em Pyeongchang, onde a Rússia foi campeã.

Em Pequim a Suécia vai estrear-se no dia 10 de Fevereiro, contra a Letónia. Provavelmente com Jacob Markström (Calgary Flames) na baliza.

Nuno Teixeira, ZAP //

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