Não vai querer estar a menos de 160 anos-luz de uma supernova

NASA/CXC/RIKEN & GSFC/T. Sato et al; Optical: DSS

O remanescente da supernova Tycho

O resquício da supernova Tycho

A imagem não nos deixa mentir: as supernovas proporcionam-nos espetáculos de luz de outro mundo, mas são incrivelmente perigosas para qualquer galáxia. Até agora, o nosso planeta não teve que se preocupar, mas quão perto pode ser demasiado perto? Um artigo científico acaba de dar a resposta.

Há provas geológicas de que, no passado, a Terra esteve muito perto de supernovas. Contudo, como nenhum evento deste tipo despoletou uma extinção em massa no nosso planeta, os cientistas deduziram que qualquer supernova mais distante do que 100 anos-luz é, portanto, inofensiva.

Um novo artigo científico, publicado em abril no The Astrophysical Journal, acaba de sugerir algo muito diferente – e muito mais perigoso.

Usando dados do Observatório Chandra, da NASA, uma equipa de astrónomos analisou as consequências da emissão de raios-X de 31 supernovas e concluiu que os planetas localizados a até 160 anos-luz de distância podem ser submetidos a doses letais de radiação provenientes dessas explosões estelares.

Os raios-X são mestres a destruir o ozono. Um forte feixe proveniente de uma supernova poderia acabar com a camada de ozono de um planeta como a Terra, deixando-o exposto à radiação ultravioleta do Sol. Por sua vez, a luz ultravioleta poderia desencadear a criação de uma camada de dióxido de azoto, causando chuvas ácidas e um declínio ecológico em grande escala do planeta.

“Para um planeta parecido com a Terra, este processo pode eliminar uma parte significativa do ozono, que protege a vida da perigosa radiação ultravioleta da sua estrela hospedeira”, explicou Ian Brunton, da Universidade de Illinois, nos EUA.

NASA / CXC / M. Weiss

Ilustração de artista de uma supernova próxima de um planeta habitável

Segundo o Universe Today, todos estes fatores levaram os astrónomos a concluir que a distância letal de uma supernova depende não só da sua proximidade a um planeta habitável, como também do nível de raios-X que produz.

Até agora, os estudos centraram-se em apenas dois períodos da supernova: o brilho da explosão inicial e o fluxo de partículas energizadas que podem atingir um planeta centenas ou milhares de anos mais tarde. No entanto, ambos tendem a ter efeitos fracos ao longo de centenas de anos-luz.

Na mais recente investigação, a equipa analisou os espetros de raios-X de supernovas dos últimos 45 anos e calculou a distância letal para cada uma delas.

A mais inofensiva foi a supernova 1987a, que estava a uma distância de cerca de um ano-luz. No lado oposto, a mais potencialmente mortal foi a supernova 2006jd, que poderia aniquilar um planeta habitável até 160 anos-luz de distância.

A questão que se impõe é: a Terra corre perigo?

Não. Neste momento, não existe nenhuma estrela próxima que represente uma potencial ameaça para o nosso planeta – nem mesmo a Betelgeuse.

No entanto, embora a Terra e o Sistema Solar estejam num espaço seguro em termos de possíveis explosões de supernovas, há muitos outros planetas da Via Láctea que não estão em condições de respirar de alívio.

Liliana Malainho, ZAP //

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