Um estudo realizado por psicólogos da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, aponta que os spoilers são saudáveis, porque permitem que o público aproveite muito mais a história que lhe é apresentada.
Os filmes, como todas as outras narrativas, exploram a nossa tendência natural para antecipar o que se segue. Estas tendências cognitivas ajudam a explicar por que as reviravoltas do enredo de uma narrativa podem ser tão satisfatórias para nós. Pelo contrário, também ajudam a explicar porque é que o temido spoiler estraga a nossa experiência.
Até certo ponto, o medo dos spoilers é um bem fundamentado. Quando temos a oportunidade de conhecer ou aprender algo pela primeira vez, este conhecimento afeta o que entendemos e o que prevemos a partir daí (condicionando até a nossa própria imaginação).
Isto significa que o que sabemos nos distrai de inúmeras maneiras, uma tendência conhecida como “a maldição do conhecimento“.
Se conhecermos a resposta de um quebra-cabeças, por exemplo, esse conhecimento vai influenciar a nossa estimativa do quão difícil será esse enigma para outras pessoas resolverem: ou seja, vamos assumir que o quebra-cabeças é mais fácil do que realmente é, só por já sabermos a resposta.
Conscientemente ou intuitivamente, os bons escritores aproveitam-se destes e de outros hábitos previsíveis do nosso pensamento para construir uma narrativa que nos prenda até ao final. É por isso que um spoiler, para nós, é um inimigo. Alguém que nos rouba a magia do primeiro contacto com o conhecimento. Mas pode não ser bem assim.
Há estudos que mostram que, mesmo quando as pessoas têm a certeza do que vem a seguir, sentem confiança, suspense, surpresa e emoção: as piadas continuam a ser engraçadas, os momentos tristes ainda nos fazem chorar e a ação ainda consegue acelerar o nosso coração. Mas como?
Jonathan Levitt e Nicholas Christenfeld, investigadores da Universidade da Califórnia, demonstraram recentemente que os spoilers não estragam. Pelo contrário: em muitos casos, os spoilers aumentam ativamente o prazer.
Segundo os psicólogos, se conhecermos a narrativa de antemão, a maldição do conhecimento tem mais tempo para trabalhar. Os primeiros elementos da história parecem pressagiar o final com mais clareza, quando sabemos o que vai acontecer. Isso pode fazer com que todo o trabalho pareça mais coerente, unificado e satisfatório.
A antecipação é um prazer delicioso por si só, concluem. Os psicólogos envolvidos na investigação apontam que os spoilers são saudáveis, porque permitem que o público aproveite muito mais a história que lhes é apresentada.
Segundo os investigadores, “as pessoas que mudam para a última página de um livro antes de começar têm uma melhor intuição”. Os spoilers não estragam as histórias, ao contrário da sabedoria popular. Em vez disso, “parecem aumentar o prazer”.
Christenfeld e Leavitt conduziram três experiências com 12 narrativas. Os textos foram apresentados com e sem spoilers a um grupo com, pelo menos, 30 participantes. “Os indivíduos preferiram significativamente as versões ‘estragadas’ de antemão”, disseram os psicólogos.
Christenfeld defende que, quando sabemos o que vai acontecer, sentimo-nos mais confortáveis a processar as informações e isso faz com que nos concentremos numa compreensão muito mais profunda da narrativa em causa.
E agora, já gosta de spoilers?
ZAP // LiveScience
Provavelmente não será aplicável a qualquer obra. Numa obra de qualidade (filme, livro, música) há múltiplas camadas de interesse, e sempre que se revê/relê/reouve há algo de novo e interessante a extrair. Já as xaropadas são como rios poluídos que à primeira vista têm bonitos reflexos, mas, se virmos com atenção, debaixo da superfície é só porcaria.
Já agora, o que são spoilers?
Esta pseudo-cultura que faz parecer culto quem usa palavras em inglês… É à moda do Brasil.
Não sabem arranjar uma palavrinha em português para isso?
Até parecem gestores: sabem muitas palavras em inglês, mas gestão é coisa que desconhecem.
Caro Rui,
Usa a palavra “pseudo” no seu comentário sem que lhe pareça estar a ser pseudo-cultural porque já passaram séculos suficientes desde que começou a ser usada na língua, ou porque o grego, ao contrário do inglês, pode ser incorporado na língua sem que sejamos pseudo-culturais?