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Nacionalista sérvio Milorad Dodik confirmado na presidência da Bósnia

Vladimir Stojakovic / EPA

O nacionalista Milorad Dodik garantiu, neste domingo, o lugar reservado aos sérvios na presidência colegial da Bósnia, um cargo que vai partilhar com um bosníaco (muçulmano) e um croata.

Após uma campanha que sublinhou as fraturas étnicas na ex-república jugoslava, Milorad Dodik vai copresidir a um país dividido e que na sua perspetiva “não constitui um Estado”.

Com 55,15% dos votos, superou o seu adversário centrista Mladen Ivanic (41,98%) no escrutínio que decorreu na Republika Srpska (RS, a entidade sérvia bósnia), de acordo com a comissão eleitoral.

O candidato do principal partido bosníaco (muçulmano), o SDA (conservador nacionalista), obteve 37,9% dos votos bosníacos, após uma campanha também conduzida sobre uma linha identitária.

Entre os croatas, o candidato da direita nacionalista (HDZ), Dragan Covic (38,66%), foi derrotado pelo social-democrata Zeljko Komsic (49,47%).

Os bósnios são cidadãos da Bósnia-Herzegovina (3.531.159 habitantes segundo o censo de 2013), sejam bosníacos muçulmanos (50,1%), sérvios ortodoxos (30,8%) ou croatas católicos (15,4%), num país onde são reconhecidas duas entidades: Federação bósnia (que integra muçulmanos e croatas) e a RS.

As duas entidades dispõem de larga autonomia, nas forças de segurança, educação, economia ou saúde. O governo central é responsável pelas Forças Armadas, finanças, justiça, comércio externo e diplomacia, mas as contradições no seu interior são permanentes, conduzindo à paralisia.

Croatas católicos, sérvios ortodoxos e bosníacos muçulmanos são os três povos “constitutivos” do país, uma herança do acordo de Dayton que terminou com uma sangrenta guerra civil interétnica (1992-1995, 100.000 mortos).

Os sérvios são maioritários na RS (81,5%), mas os croatas são minoritários (22,4%) na sua federação com os bosníacos. Assim, têm exigido uma “reorganização territorial” recusada pelos muçulmanos, um outro foco de tensão interno e que poderá intensificar-se com a endémica paralisia da presidência colegial e do governo central.

// Lusa

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