E se existisse uma “rua alternativa” para o percurso do tempo? Na dimensão física em que vivemos, é impossível lembrar-nos do que ainda não vivemos, mas será essa formulação assim tão descabida?
Os físicos Thomas Guff, Chintalpati Umashankar Shastry e Andrea Rocco, da Universidade de Surrey, procuraram sinais da existência do “rio do tempo” no equivalente a uma banheira quântica quente sob a extensão infinita da eternidade.
Assim define a Science Alert a busca quântica pela origem do tempo.
As conclusões foram poucas: o tempo flui mesmo para trás com a mesma facilidade com que flui para a frente na mecânica quântica.
Independentemente de onde a equipa procurou nas equações do “banho quântico”, o estudo, publicado em janeiro na Nature, não encontrou sinais de que a simetria de inversão do tempo estivesse em desacordo com a forma como a atividade quântica se desenrolava.
Isto implica que a “memória” do sistema Markoviano (aproximação matemática em que o sistema não tem memória para além do presente) não tinha preferência por um passado ou futuro.
“Os nossos resultados sugerem que, embora a nossa experiência comum nos diga que o tempo só se move num sentido, não temos consciência de que a direção oposta teria sido igualmente possível“, afirma Rocco.
Ou seja a física que experimentamos não tem noção dessa ideia quântica de que o tempo possa fluir ao contrário — não nos lembramos do amanhã, por muito que tentemos.
Se invertermos a seta do tempo à escala quântica, teríamos assistido a um arrefecimento constante, o que sugere que não há nada de especial numa direção em relação à outra à escala quântica no que diz respeito à termodinâmica.
Se assim for, a nossa experiência coletiva da “rua de sentido único” do tempo poderá ser equilibrada, do outro lado do Big Bang, por uma “segunda rua”, também levada pela expansão cósmica e pelo aumento de energia de um ponto de partida quântico — e essa lembra-se do futuro tão facilmente como do passado.