Microfones nos hotéis, dinheiro para gastar obrigatoriamente, polícia secreta por todo o lado. Viajar para a RDA era uma verdadeira aventura, e houve pouco quem o fizesse.
Ao contrário do que acontece atualmente com as duas Coreias, a fronteira da RDA (República Democrática Alemã), mais conhecida por Alemanha do Leste ou Alemanha Oriental, controlada pela antiga URSS, nunca esteve completamente “selada” da Alemanha Ocidental.
Mas, como é sabido, os habitantes não eram autorizados a passar de um lado para o outro de Berlim. Apesar disso, os turistas tinham mais facilidade em viajar de um lado para o outro. A RDA não estava, portanto, completamente fechada ao mundo: havia turismo, tal como existe na Coreia do Norte. Só que (muito) controlado.
Viajantes de ou para aeroportos dinamarqueses, suecos, polacos e checoslovacos estavam autorizados a passar pela RDA, mas a estadia não era muito agradável, como explica o LBV.
Em primeiro lugar, os hóspedes do país eram obrigados a ficar alojados na mesma cadeia de hotéis, a luxuosa Interhotel. Esta empresa, fundada na década de 60, tinha mais de 30 hotéis espalhados pela Alemanha. Mas os de 5 estrelas eram reservados apenas a turistas provenientes de países não comunistas/socialistas.
No entanto, por trás da fachada de modernidade, estavam as autoridades: quem controlava a cadeia de hotéis era a Stasi, a polícia secreta, que se fazia passar pelo departamento de turismo. Nos hotéis, havia microfones e câmaras ocultas que espiavam sem consentimento as conversas secretas dos hóspedes.
Os cidadãos da Comecon (Conselho para Assistência Económica Mútua dos países comunistas), tinham de ficar em hotéis — da mesma cadeia — mais modestos, e pequenas cidades e, no máximo, com 4 estrelas. Os não comunistas pagavam cerca de 10 vezes mais.
Após a reunificação das duas Alemanhas, os hotéis foram vendidos a outras empresas.
No entanto, a lista de coisas bizarras não se ficava por aqui: os visitantes estrangeiros tinham de enviar os seus itinerários para o serviço de turismo (a já mencionada “fachada” da polícia política) e tinham de registar-se na esquadra de polícia à chegada.
Eram também obrigados a gastar uma quantia estipulada de dinheiro por dia. Quem quisesse abastecer o carro, tinha de o fazer em bombas designadas.
Não era fácil obter autorização para viajar para a RDA, e a travessia para o lado comunista da Alemanha tinha de ser feito em ponto específicos. Mesmo quem o podia fazer, não devia ficar satisfeito com as instalações — a indústria turística era insignificante durante a Guerra Fria.