Múmias mexicanas podem estar a infetar humanos

J.Salmoral / Flickr

Há um grupo de múmias no México que, embora permaneçam expostas – e tenham viajado pelo país – nem todos as consideram seguras.

O que está em causa, disseram os especialistas, é a variedade fúngica presente nas múmias, relatou o Popular Mechanics.

O Instituto Nacional de Antropologia e História do México informou que o facto de os fungos estarem a aumentar nas múmias durante a exposição itinerante está a causar preocupação sobre a forma como são tratadas e apresentadas ao público.

Conhecidas como as Múmias de Guanjuato, a exposição surgiu nos Estados Unidos em 2009. Mas foi numa edição recente na Cidade do México, na qual foram expostas seis múmias em caixas de vidro, que levou o instituto a alertar o público – tendo em consideração que não sabem se as caixas são realmente herméticas.

“É ainda mais preocupante que continuem a ser exibidas sem as salvaguardas para o público contra os riscos biológicos”, indicou o instituto numa declaração.

“De algumas das fotografias publicadas, pelos menos uma das múmias em exposição, que foi inspecionada pelo instituto em novembro de 2021. mostra sinais de uma proliferação de possíveis colónias de fungos”, continuou.

As infeções fúngicas mortais por múmias certamente não são ocorrências comuns, mas também não são inéditas. A IFL Science relatou que 10 dos 12 cientistas presentes na abertura do túmulo do Rei Casimiro IV da Polónia, em 1970, morreram nas semanas seguintes ao evento, provavelmente devido a fungos.

A exposição mexicana não foi concebida como um exemplo de mumificação. Os especialistas acreditam que os corpos dos séculos XIX ou XX foram mumificados involuntariamente – um possível subproduto do ambiente rico em minerais, uma abóbada subterrânea seca e hermética, ou alguma outra causa ambiental.

Algumas das múmias ainda têm cabelo, pele, e até vestuário conservado, mas há uma falta óbvia de embalsamamento ou outros produtos comuns de mumificação.

As múmias têm feito parte da cultura mexicana desde os anos 1860. Quando as famílias dos falecidos não podiam continuar a pagar as taxas de enterro, os corpos eram desenterrados. Os trabalhadores que tinham planeado remover ossos descobriram, em vez disso, corpos totalmente intactos, expostos devido à sua natureza preservada e à capacidade de atrair clientes para os visualizar.

De acordo com a National Geographic, os primeiros visitantes viajaram para o subsolo para ver as múmias e, desde 1969, estão expostas num museu de Guanjuato, o Museo de las Momias.

No início do século XIX, alguns dos corpos foram posicionados com os braços dobrados sobre os peitos e maxilares para criar a aparência de que as múmias gritavam. O estilo de exposição há muito que tem atraído críticas sociais.

“Estas são pessoas que são repositórios de informação sobre o período em que viveram”, disse Gerald Conlogue, professor da Universidade Quinnipiac. “Andaram por estas ruas; foram ao velho mercado. Não deviam ser um espetáculo de aberrações”. Em fevereiro de 2022, as múmias começaram a ser identificadas.

Às críticas sociais, juntam-se agora as preocupações com a saúde pública. “Tudo isto deve ser cuidadosamente estudado para ver se são sinais de risco para o legado cultural, bem como para aqueles que as manuseiam e vêm vê-las”, indicou o Instituto Nacional de Antropologia e História do México.

ZAP //

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