As mulheres afegãs estão literalmente silenciadas

Sgt. Ken Scar (U.S. Armed Forces) / wikimedia

O regime talibã afegão ratificou uma lei que vai proibir, literalmente, a voz das mulheres em público. Nem falar, nem cantar, nem assobiar, nem “um piu”. Nas ruas do Afeganistão, as mulheres têm de estar caladas.

Foi aprovada pelo regime talibã no Afeganistão uma nova lei moral que vem reprimir ainda mais as mulheres.

O Artigo 13 silencia literalmente as mulheres, proibindo-as de falarem em locais públicos.

Além disso, as mulheres são obrigadas a cobrir o rosto com véu.

A missão das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA) afirmou este domingo que a nova lei reflete uma “visão desoladora do futuro”.

Em comunicado, o organismo das Nações Unidas assumiu estar preocupado com a promulgação de “uma nova lei sobre a moralidade que impõe amplas restrições à conduta pessoal e confere à polícia da moralidade vastos poderes”.

Os talibãs assumiram o controlo do Afeganistão em agosto de 2021 e, na quinta-feira, incluíram na lei para a propagação da virtude e prevenção do vício muitas das limitações que têm vindo a defender, como o uso obrigatório do hijab pelas mulheres e o vestuário dos homens, que são obrigados a deixar crescer a barba.

A legislação “alarga as restrições já intoleráveis aos direitos das mulheres e raparigas, e até o som das vozes das mulheres fora das suas habitações é aparentemente uma falha moral“, afirmou a representante especial das Nações Unidas para o Afeganistão, Roza Otunbayeva.

Desde que tomaram o poder, os talibãs impuseram uma série crescente de proibições que afetaram sobretudo o direito das mulheres, incluindo a suspensão da educação superior feminina.

Todas as mulheres estão proibidas de frequentar a universidade no Afeganistão. Todas as mulheres estão proibidas de viajar sem a companhia dos seus homens. Todas as mulheres estão proibidas de praticar desportos que exponham rosto e corpo. A utilização de contracetivos também já foi proibída.

As restrições foram criticadas pela comunidade internacional, que até ao momento não reconheceu oficialmente a autoridade do governo interino talibã, apesar das aproximações feitas por países como a China e os Emirados Árabes Unidos, que recentemente reconheceram embaixadores fundamentalistas.

A representante das Nações Unidas alertou ainda que “mais restrições aos direitos do povo afegão” tornarão ainda mais difícil a interação da comunidade internacional com os talibãs.

ZAP // Lusa

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