Segundo Patsy Stevenson, todos os indivíduos tinham fotografias de perfil com as respetivas fardas ou identificavam-se como agentes logo nas descrições.
Patsy Stevenson, de 28 anos, foi detida em Março durante a vigília de homenagem a Sarah Everard, mulher raptada, violada e morta por um agente da polícia londrina poucas semanas antes. Tentava colocar uma vela num altar improvisado num parque de Londres quando foi impedida pela polícia, que tentava dispersar a multidão que ali se juntara, de forma espontânea, numa altura em que as restrições motivadas pela pandemia da covid-19 ainda vigoravam no Reino Unido.
Durante a detenção, Stevenson foi empurrada e imobilizada no chão, com as câmaras dos vários fotojornalistas a registar toda a sequência de movimentos — da mulher, mas também dos agentes, debaixo de fogo depois da detenção do seu colega. Na manhã seguinte, a sua cara estava presente nas capas de muitos dos jornais britânicos. O que se seguiu, nas palavras da própria, foram uma série de episódios “aterrorizantes” com mais de 50 polícias a deixarem “gostos” no perfil da jovem na rede social Tinder.
“Todos eles estavam a usar uniformes nas fotos ou identificavam-se nos seus perfis como agentes da polícia. É como se fosse uma ação intimidatória, quase a dizer ‘nós conseguimos ver-te‘ e isso para mim é aterrorizante. Eles sabem aquilo pelo que passei e eles sabes que eu sinto medo da polícia, por isso é que o fizeram“, afirmou à BBC.
Numa reação às declarações de Stevenson, a Metropolitan police já revelou que está a proceder a inquéritos internos, ofereceu-se para providenciar ajuda à mulher e está a analisar se algum dos agentes teve uma reação que pode ser considerada “má conduta“.
“Nós contactamos a pessoa que manifestou as suas preocupações para disponibilizarmos o nosso apoio e realizarmos algumas investigações. Atualmente, não recebemos queixas relacionadas com o incidente, mas continuaremos em contacto para que possamos estabelecer ligações ou identificar episódios de condutas incorretas e, consequentemente, determinar quais os próximos passos”, explicou fonte do Met ao The Guardian.
“Os oficiais devem respeitar os nossos elevados padrões de comportamento profissional, tanto em serviço como fora de serviço. Se alguém acreditar que a conduta ou comportamento de um oficial em qualquer meio de comunicação social ou plataforma de Internet se encontra abaixo destes padrões, instamo-lo a contactar-nos para que possa ser devidamente investigado e tomadas as medidas adequadas.”
Na última semana, Wayne Couzens, agente considerado culpado pela morte de Sarah Everard foi condenado a prisão perpétua, depois de se confirmar ser o culpado pelos crimes. Nas imagens divulgadas durante o julgamento, é possível ver-se o antigo agente da polícia a parar Everard quando esta regressava a casa, já durante a noite, tendo o homem utilizado o seu uniforme e respetivos acessórios para simular uma detenção, a qual serviu como pretexto para manietar a vítima e posteriormente assassiná-la.
Afinal aquilo e uma rede social ? e eu a pensar que era um site de Engate 😉