“Avó do terror”. Mulher de 75 anos lidera conspiração para derrubar o Governo alemão

Filip Singer / EPA

Cinco alemães com ligações ao movimento de extrema-direita Reichsburguer foram acusados de traição após terem conspirado para derrubar o Governo. O grupo era liderado pela “Avó do Terror”, uma mulher de 75 anos. 

De acordo com o Vice, a líder, conhecida como Elisabeth R., recebeu a alcunha de “Avó do terror” pelos meios de comunicação alemães. Todos os suspeitos têm ligações a grupos neonazis, como é o caso do Reichsburguer. Este último rejeita a legitimidade do Estado alemão moderno e afirma que o Reich ainda existe.

O objetivo do grupo, segundo o Ministério Público alemão, era criar “condições semelhantes às da guerra civil na Alemanha, através da violência”.

Os cinco elementos são acusados de “fundar ou ser membro de uma organização terrorista doméstica” e de “preparar um ato de alta traição” contra o Governo. Alguns foram também acusados de outros crimes, como o de financiamento do terrorismo.

O plano do grupo dividia-se em três fases. O primeiro passo envolvia o acesso a instalações elétricas para criar um longo apagão nacional, seguindo-se o rapto do ministro da Saúde alemão, Karl Lauterbach. Este é responsável por grande parte das restrições impostas para controlar a pandemia de covid-19 no país.

Outra parte do plano passava por ter um ator a passar-se pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, ou pelo Presidente, Frank-Walter Steinmeier. O ator em causa faria um discurso na televisão nacional, a informar que tinha sido deposto, declarando que a constituição de 1871 tinha sido restabelecida. Um líder seria depois nomeado por uma “assembleia constituinte”.

O movimento Reichsburguer, que significa “cidadãos do Reich”, tem por base a teorias da conspiração, com os seus seguidores a afirmar que as fronteiras do império alemão de 1937 ainda existem, rejeitando a república federal do pós-guerra.

Os quatro homens – identificados como Michael H., Thomas K., Sven B., e Thomas O. – foram detidos durante buscas efetuadas em abril de 2022, enquanto Elisabetf R. foi presa em outubro. Os meios de comunicação social descreveram-na como uma excêntrica, que fazia jardinagem à noite enquanto usava um capacete.

O grupo foi apanhado depois de tentar comprar armas a um agente da polícia que se fazia passar traficante. Todos tinham em sua posse armas pesadas.

Na sua confissão, Sven B. afirmou que acreditava que elementos da polícia e do exercito iriam apoiar a conspiração, relatando ainda que iria pedir a aprovação do Presidente russo, Vladimir Putin, antes de instalar um novo governo.

Em dezembro de 2022, os investigadores alemães anunciaram que tinham desmantelado uma rede terrorista de extrema-direita que pertencia ao Reichsburguer e incluía uma série de suspeitos, entre eles um aristocrata e soldados das forças especiais. O grupo tinha se inspirado na ideologia QAnon.

Taísa Pagno //

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