Motim na Marinha foi para “queimar” Gouveia e Melo? Almirante sem medo do “circo”

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José Sena Foulão / Lusa

O chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante Henrique Gouveia e Melo

O caso de insubordinação na Marinha, com 13 militares a recusarem embarcar numa missão por falta de condições de segurança, pode ter tido um objectivo político, no sentido de manchar a imagem do chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), Henrique Gouveia e Melo.

É o próprio Almirante quem o admite em declarações ao Nascer do Sol. “Parece-me que muitas motivações para o circo que se instalou à volta deste caso, apesar da sua gravidade, não têm unicamente a ver com este facto, mas são por causa da popularidade que me tem sido atribuída”, refere Gouveia e Melo a este jornal.

O Almirante tem surgido em alta nas sondagens efectuadas quanto aos potenciais candidatos à Presidência da República, à boleia da fama que granjeou durante o combate à pandemia, em que assumiu a organização do processo de vacinação como uma verdadeira missão militar.

Depois disso, foi promovido a CEMA e há quem o veja como “um homem a abater”, como vincam fontes ouvidas pelo Nascer do Sol.

Já na conversa que teve com os 13 militares revoltosos, o Almirante deu a entender que teriam outras motivações que não a alegada falta de condições de segurança. “Que interesses os senhores defenderam? Os da Marinha não foram certamente, os vossos muito menos”, apontou em declarações citadas pelo Nascer do Sol.

Gouveia e Melo criticou o comportamento dos militares, considerando que as condições de segurança no navio NRP Mondego não estavam em causa. “A Marinha não pode esquecer, ignorar, ou perdoar actos de indisciplina“, avisou ainda.

Palavras de Gouveia e Melo criticadas

Estas palavras merecem as críticas do advogado dos militares, Paulo Graça, que, em entrevista à SIC Notícias, salienta que estes foram “acusados, condenados e sancionados em praça pública” por Gouveia e Melo, antes mesmo de terem sido ouvidos.

Assim, Paulo Graça fala em “estupefacção e indignação” com as palavras do Almirante. “Estupefação pelas comparações que foram feitas, bastante infelizes. Indignação porque os militares têm estado privados da sua liberdade. A Marinha teve a oportunidade de desenvolver a tese que entendeu”, nota.

A inspecção ordenada pela Marinha já concluiu que estavam salvaguardadas as condições de segurança no navio. Mas os 13 militares “têm uma história para contar que não coincide com a da Marinha”, nota o advogado, frisando que vão contá-la “a seu tempo”.

Os 13 militares devem ser ouvidos, na próxima segunda-feira, pela Polícia Judiciária Militar (PJM). Incorrem no crime de insubordinação que pode ser punível com pena de prisão até quatro anos.

ZAP //

49 Comments

  1. É evidente que na Marinha de Guerra tem que haver disciplina e obediência à Hierarquia, a cultura do militarismo está ancorada nesses princípios. Nem em perigo de vida esses militares podiam recusar a missão. Pensavam o quê? Que estavam na Marinha Mercante?

    • Triste comentário! Até devem morrer porque para alguém as suas vidas não têm valor. Devem seguir cegamente o que superiormente é determinado.
      Disciplina é uma coisa, obediência cega é outra.

      • Todas as vidas têm valor até a dos inimigos, mas quem opta pela vida militar e carrega uma arma sabe que corre risco de morte.

      • Se o mandarem para a guerra desarmado o Sr. vai? Mandaram aqueles homens para o mar sem armas para poderem navegar em segurança…

      • Ó Moura, a missão dos portugueses era de baixíssimo risco.
        Quem arrisca valentemente são os Ucranianos, que além de defenderem a Ucrânia estão também a defender a humanidade de ser controlada por tiranos.
        Se os Ucranianos, que arriscam a vida, soubessem que os Portugueses não tiveram coragem de vigiar um navio russo (que nem de guerra era), acho que não ficariam com muito boa imagem dos Portugueses… mas isso sou eu a pensar…

      • OK. Baixíssimo risco disse a Marinha, mas para quantas missões de baixo risco se sai e depois o mar ou outras condições, ou até novas missões que aparecem de repente transformam o baixo risco em alto risco? Quantas vezes já tinha saído o navio para o mar naquelas condições? Chega uma altura que a sorte acaba. Tantas vezes vai o rato ao moinho que lá deixa o focinho!
        Lembro-me do “NRP António Enes” que em 87 fez a comissão nos Açores quase toda em certas condições e na ultima semana foi pelos ares, acidente que ainda hoje a Marinha não quer falar, eu sei, eu estava lá. Se naquela ultima semana a guarnição se tivesse negado a sair naquelas condições como seriam tratados pela sociedade e pela comunicação social?
        Já nos chega uma “António Enes”! já chega de mortos em tempo de paz por negligência de quem nos comanda!

      • E o sindicato dos marinheiros não pode convocar uma greve?
        O barco a acompanhar não era russo?
        Não será melhor desistir do aumento da área marítima em favor da Espanha?

      • Moura… Você não foi militar? Que idade tem? Eu estive na Guiné, servindo uma nação que ocupava ilegitimamente um território que não era seu, (na minha ideia)… mas disciplina é disciplina e à pátria, não há greves, motins, insubordinações, se foram para lá sabiam com o que iam contar, agora:
        Não vou porque o tanque deita muito fumo, não vou porque o navio derrama óleo, não vou porque tem só um motor… ide pastar caracóis… um dia se a pátria estiver em perigo estes meninos são os primeiros a dar de frosques. Defender a pátria com orgulho, nem que seja preciso empurrar o navio a nado…
        Prisão efetiva para todos e irradiados das forças armadas para sempre

    • Não sei bem se sabe do que fala,mas posso-lhe indicar uma das origens do problema.
      Na vida militar a obediência é uma regra que tem que ser cultivada, até porque muitos tem a noção que por vezes são mandados para a morte, não podendo haver hesitações.
      Mas também, bastam os tristes exemplos da I Guerra Mundial, sobejamente documentados no que concerne aos Portugueses, anteriormente a ìndia, e mais recentemente as primeiras missões nos Balcâs, exemplos de culpa da hierarquia paga por quem não deve.
      Os problemas com o navio existem e devem-se a falta de orçamento para a manutenção. E aí a culpa é de quem ? E que responsabilidades resultam disso?
      Como José Rodrigues dos Santos faz com mestria nos seus livros, a origem do problema foi a governamentalização das forças armadas, com a nomeação política dos chefes militares e com a quebra do espírito de corpo que resultou nas avaliações introduzidas e nas ultrapassagens e nomeações intermédias que são feitas. Não que o modelo anterior não tivesse defeitos, com as promoções em fila pirilau, mas aí existia espírito de corpo e não concorrência cega e por vezes desleal.
      Com a nomeação das chefias pelos políticos, o chefe militar deixou de poder atender as reevindicações e problemas dos subordinados, o que é sua obrigação, antes funcionando como tampão para os problemas, pois o desinvestimento nas forças armadas necessariamente acarretariam os problemas que se vão vendo e ainda os que ainda não transpiraram.
      Os heróis tem por norma razão sendo que a grande consequência é normalmente morrerem de pé

    • Subscrevo inteiramente. Servi na “Briosa” durante mais de 16 anos e naveguei em muitos tipos de navios e nunca me passou pela cabeça que alguns deles não tivesse condições para navegar.

  2. Já alguém alvitrou que o procedimento destes 13 militares tinha um objetivo político de pró-Russo de evitar que o navio russo fosse observado pela Marinha Portuguesa. Quem sabe se isto não terá ponta de verdade?

    • E já alguém alvitrou que o navio não tinha de facto condições de segurança para navegar e que a sua tripulação poderia correr risco de vida numa missão para a qual não justificava tal risco?
      Inspeção feita ao navio por elementos da Marinha terá um resultado idóneo? Nesta caso, porque não uma inspeção feita por pessoal externo à marinha? Será que interessa?
      É muito fácil falar com o c… sentado na cadeira de casa!
      Será que já esqueceram o que aconteceu com o “NRP António Enes” à 36 anos atrás? Acidente que a Marinha nunca quis reconhecer!

      • Imagine em tempo de guerra haver um inimigo a disparar com balas verdadeiras e muito perigosas. Os militares de domingo só votam para não ir combater pois é muito perigoso
        Espectacular! são mesmo profissionais, mas em quê??

      • De certeza que não tem nenhum filho/a militar. Mandar os filhos dos outros para a frente é fácil. Pimenta no c… dos outros para mim é refresco!

      • Provavelmente esses militares nunca o deveriam ter sido, está visto.
        Ou o Moura acha que os militares só devem ocupar o cargo em tempo de paz e enquanto não há operações?

      • A tropa agora não é obrigatória se estão lá e por vontade própria se não fossem trabalhar para outra profissão, mas isto tem mão tinhas por trás e não e dificil de imaginar quais são

      • Caro António Moura, com todo o respeito pela sua opinião, mas devo-lhe lembrar que eles são militares e dentro deste contexto devem obedecer a ordens superiores, o militar sabe que em todas as operações há riscos e não se pode negar. Não sei se foi militar, mas eu fui durante 36 meses no tempo da guerra do ultramar e fui obrigado.

  3. Pois, os militares portugueses não quiseram ir para uma missão de vigilância de um navio russo, de curta duração e próximo da costa, com a justificação que corriam riscos porque um motor estava avariado.
    Na Ucrânia, militares ucranianos arriscam a própria vida na frente de batalha onde, imagino, o maior problema não será um motor avariado.
    O que me parece é que ficámos muito aquém daquilo que se esperava de nós, mesmo que aquilo que se esperava fosse muito pouco do ponto de vista de risco e esforço…

    Parece que muitos militares portugueses são mais corajosos na hora de matar recrutas, de praxar colegas, de roubar material de guerra ou de negociar com diamantes em zona de guerra….

  4. Os advogados dizem que os “militares” têm uma história para contar… só têm mesmo é de estar calados.
    É ridículo que um punhado de gente os receba no aeroporto em apoteose ao som de “contra os canhões, marchar, marchar…” quando deveriam estar a cantar “contra um navio russo desarmado, recuar, recuar…”.
    Quando alguém ingressa numa carreira militar deverá saber que aquilo não é uma democracia (nem poderá ser) em que todos têm direito de voto, e que a condição de militar implica desde logo o risco de vida.

  5. Ja ouvi e li muito sobre este assunto, e uma das teses é que o PCP teve alguma não nisto, seja para desacreditar o almirante Gouveia e Melo, seja para mostrar fragilidades da NATO, seja por se tratar de um navio russo espião. Não descarto de toda esta hipotese, todos sabemos que o PCP está ao serviço do Kremelin, pelas posições tomadas até agora, não assumem mais com medo de desaparecer ainda mais do espetro politco português onde ja são quase residuais. São um partido hipocrita que defendem uma coisa em Portugal e outra nos paises sobre regimes ditaturiais com Venezuela, Russia, Venezuela, Siria e Bielorussia. Se fossem coerentes deviam era ir-se entregar na cadeia para cumprir pena, pois nos regimes que defendem os opositores são presos e em Portugal eles são oposição.

  6. Independente de tudo é que a roupa suja lava-se em casa. Os militares podem ter de responder pelo que fizeram, mas a humilhação pública com a comunicação social a ver é indigno . O Almirante que eu até considero competente, mostra ser um chefito que gosta de enxovalhar quem devia comandar. É apontado como futuro candidato a presidente, pois hoje perdeu o meu potencial voto. Os militares podem ter agido mal, mas ele não fez melhor. Em relação à obediência cega, ainda bem que em 1974 houve militares a recusarem obediência, pois graças a isso posso escrever estas linhas em liberdade.

    • Quem expôs primeiro o caso foram os próprios militares.
      Se eles achavam que as condições não eram as ideais (que por definição nunca são…), expunham internamente essas preocupações e cumpriam as ordens.
      Um militar de alta patente fez questão de comentar no próprio dia o caso na televisão, defendendo implicitamente os militares e tentando que a sua agenda privada beneficiasse com o caso. Esse mesmo militar estava hoje no aeroporto…. Estranho, ou talvez não…
      Acho que os militares foram carne para canhão de alguém que os manipulou, ou será que alguém no seu perfeito juízo acha mesmo que eles corriam risco de vida?!
      Este país está a ficar ingovernável, na mão de sindicatos, criminosos e corruptos.

  7. Provavelmente esses militares nunca o deveriam ter sido, está visto.
    Ou o Moura acha que os militares só devem ocupar o cargo em tempo de paz e enquanto não há operações?

  8. Disciplina é disciplina e à pátria, não há greves, motins, insubordinações, se foram para lá sabiam com o que iam contar, agora:
    Não vou porque o tanque deita muito fumo, não vou porque o navio derrama óleo, não vou porque tem só um motor… ide pastar caracóis… um dia se a pátria estiver em perigo estes meninos são os primeiros a dar de frosques. Defender a pátria com orgulho, nem que seja preciso empurrar o navio a nado…
    Prisão efetiva para todos e irradiados das forças armadas para sempre

  9. Factos lamentáveis num país á deriva , numa Europa onde os ódios e a imbecilidade domina os governantes. Os navios fantasmas são tantos que esquecem as pessoas , o seus direitos, a sua segurança, o seu bem estar , para governar em nome de mitos e birras de muita gente interessada num capitalismo podre., sem regras. O barco caminha para o desconhecido em nome de anjos protetores que não existem….

  10. E as “putativas namoradas Madeirenses” que ficaram a ver navios. O que tinham combinado para o fim de semana foi-se.

    O grupo Wagner tem algo a ver com isto?

    Terá sido dos cereais ou papas de p. almoço.

  11. Li todos os comentários e deu para ver, que não são só esses militares insurgentes que são pró russos, mas também, alguns dos comentadores deste caso. Se não estão contentes a servir a Pátria, que se ofereçam como voluntários ao serviço da mãe Rússia, para irem para a frente da batalha. Pois, já compreendi; não têm tomates!

  12. Já só faltava a indisciplina militar. Haja quem os ponha na ordem. Quem tem medo não escolher ser militar. Muitos estão habituados a não respeitarem os pais em casa, os professores na escola e o próximo na sociedade e pensam que vão fazer o mesmo no quartel militar.
    Disciplina precisa-se e haja quem a imponha.

  13. Algo vai mal na Armada. Esta de “queimar” o Almirante Gouveia e Melo é de chorar a rir. Já se esqueceram o que este Almirante fez ao seu chefe? Veladamente contribuiu para a sua substituição, por duas vezes que se saiba. Um camarada de armas não colabora seja com quem for para o substituir. O Sr. Almirante Chefe substituído nem quis receber a condecoração que o poder político lhe queria dar! Também foi indisciplinado? O Almirante Gouveia e Melo não tem autoridade para falar. Já viram o Primeiro Ministro vir de propósito a uma Escola repreender um professor? Foi o que este sr. Almirante fez. Não tendo quem o representasse, teve de ir a um navio, na Madeira, “puxar as orelhas”, com altifalante e imprensa, aos ditos “indisciplinados”. Que exemplo estes srs. “indisciplinados” têm na Armada? O sr. Almirante Gouveia e Melo? Podem ter a certeza que algo mal paira na Armada.

  14. Cada Un pode Opinar da forma que entende sobre este “caso” , pessoalmente e atualmente tenho dificuldade en me prenunciar ou emitir uma simples reflexão sobre o tema en questão . Considero que faltam muitos detalhes e factos , que compreendo devem ser sigilosos e reservados ao Tribunal Militar para efeito de inquérito a que a ele compete . A declaração (alargada a toda a força Militar da Marinha ) que o C.E.M Gouveia e Melo , teve toda a legitimidade e razão de ser . A missão en questão era de prevenção e não de retaliação , caso houvesse uma atitude beligerante de parte do navio Russo , não seria este NRP Mondego (navio de patrulhamento) das aguas territoriais , que iria intervir de forma defensiva . Quanto aos Militares en questão , en tempos saberemos as verdadeiras razões deste duvidoso mutin !

  15. Imaginemos o seguinte cenário:
    -O Mondego sai para escoltar o barco russo e avaria. No final o barco russo oferece-se para rebocar o Mondego….

    Algo vai mal neste país. A nossa pretensão de aumentar a área marítima vai ser prejudicada pela nossa falta de meios para fazer o controle da mesma. Recordemos a nossa pretensão do mapa cor de rosa …. A situação é idêntica. A aliada Inglaterra é que nos tramou.

  16. O tempo veio a dar razão aos marinheiros o navio não está em condições e o capitão Iglo devia apresentar a sua demissão

    • Pela tua ordem de ideias a ACT devia ir às trincheiras na frente da guerra da Ucrânia ver as condições de trabalho dos soldados. E a CGTP devia ir lá fazer uma manifestação. E juízo?!

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