Mais de 12 mil habitações e outros edifícios ficaram destruídos. Há um novo problema em Palisades, com evacuação obrigatória.
Os incêndios florestais destruíram mais de 12 mil habitações e outros edifícios na cidade de Los Angeles, no sudoeste dos Estados Unidos, desde terça-feira, disseram as autoridades.
Ainda assim, os bombeiros de Los Angeles fizeram progressos no controlo dos seis incêndios ativos que até agora já causaram 11 mortes, um número que poderá aumentar.
O Corpo de Bombeiros do estado da Califórnia, onde se situa Los Angeles, informou na sexta-feira à noite que o incêndio de Lidia está contido em 98%, o de Hurst em 70% e o de Kenneth em 50%.
O incêndio de Kenneth foi o último dos seis a surgir, tendo deflagrado na tarde de quinta-feira e já destruído cerca de 4,3 quilómetros quadrados. As autoridades já confirmaram que este incêndio foi causado por fogo posto.
O incêndio de Eaton, que já consumiu 56,5 quilómetros quadrados, está apenas contido em 3% e o de Pacific Palisades, que queimou uma área de 82 quilómetros quadrados, está contido em cerca de 8%.
O incêndio de Palisades, um dos bairros mais ricos de Los Angeles, queimou mais de 5.300 habitações e outros edifícios e é já o mais destrutivo da história da cidade.
Mas, já na madrugada deste sábado, nova preocupação: surgiu um novo foco de incêndios precisamente em Palisades, que originou mais ordens de evacuação obrigatória, indica a Fox News.
Críticas
Nas ruas, há desespero e tristeza incontroláveis: “Aqui era a minha casa”, relata uma moradora, apontando para um cenário de ruínas queimadas. “Mudámo-nos para cá há 26 anos. Refizemos o piso, mudámos as janelas e as portas, pintámos… Os meus netos e os meus filhos adoravam a casa. Agora estamos num hotel, não temos para onde ir. Não sabemos o que andamos a fazer“, diz a mulher, entre lágrimas.
Alguns dos afetados começam a culpar as autoridades e a autarca Karen Bass enfrenta críticas cada vez mais duras sobre o orçamento atribuído ao Corpo de Bombeiros de Los Angeles.
A chefe do Corpo de Bombeiros, Kristin Crowley, disse à televisão Fox na sexta-feira que um corte de 17 milhões de dólares (16,6 milhões de euros) no orçamento da corporação afetou severamente a capacidade de combate aos incêndios.
A responsável sublinhou que a falta de pessoal e de recursos, como a eliminação de cargos civis, afetou a capacidade operacional dos bombeiros, incluindo a reparação de equipamento.
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, apelou a uma investigação independente sobre a perda de pressão de água e a alegada falta de abastecimento de água do reservatório de Santa Ynez.
Logo ao segundo dia de incêndios, havia relatos de tanques de água e de hidrantes que tinham secado.
Na sexta-feira, chegou ajuda de outros condados e de estados vizinhos, como o Arizona, e também apoio do Canadá. O México comprometeu-se ainda a enviar “74 técnicos especializados em combate a incêndios e proteção civil”.
A empresa AccuWeather elevou na quinta-feira a estimativa dos danos e perdas económicas dos incêndios para entre 135 e 150 mil milhões de dólares (entre 131 e 146 mil milhões de euros).
As casas de duas famílias portuguesas residentes na área de Los Angeles arderam por completo em consequência dos incêndios que devastam há vários dias a região, disse na sexta-feira à Lusa fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O xerife do condado de Los Angeles, Robert Luna, anunciou na sexta-feira que as zonas afetadas pelos incêndios, e que se tornaram alvo de pilhagens, encontram-se sob recolher obrigatório.
Pelo menos 18 pessoas foram detidas por pilhagens nas zonas devastadas pelo fogo, 15 delas na zona do incêndio de Eaton.
ZAP // Lusa