Morte de bebé de 6 meses em creche expõe seguro escolar polémico

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A morte de uma criança de seis meses numa creche em Lisboa levantou o véu sobre um seguro escolar polémico que os pais pagam nestes estabelecimentos para crianças até aos 3 anos, mas que, afinal, só tem cobertura para maiores de 14 anos.

Simão, de seis meses, morreu no Hospital de Santa Maria em Lisboa. Depois da sua morte prematura na creche que frequentava, os pais accionaram o seguro para acidentes escolares, mas descobriram que, afinal, este não tinha cobertura para o caso do seu filho.

O caso é relatado pela TVI que reporta que o seguro escolar disponibilizado a várias creches pela Fidelidade só tem cobertura de morte para maiores de 14 anos. Ora estes estabelecimentos têm crianças até aos 3 anos de idade – e a subscrição do seguro é obrigatória em muitas creches.

“Só a partir dos 14 anos é que o seguro é activo. Mas quem é a criança que está na creche que tem 14 anos?“, desabafa o pai de Simão, Marco Reis, em declarações à TVI.

A estação cita um email da seguradora enviado aos pais da criança onde se refere que a morte por acidente não é segurada “quando a pessoa segura tem idade inferior a 14 anos”.

Directora da creche incrédula

A directora da creche em causa, Graça Soares, mostra-se incrédula com a resposta da seguradora. “Não tenho essa informação”, sublinha à TVI. “Não tenho nenhuma evidência que diga isso” e “parece-me ridículo”, aponta ainda.

Mas o canal salienta que a condicionante da idade está estipulada no documento das condições gerais do seguro que foi enviado aos pais por email. “Desconheço totalmente”, reforça, contudo, Graça Soares.

Para a presidente da Associação Nacional de Creches, Susana Batista, este é um “produto absolutamente desadequado para uma creche“. Essa cobertura “nunca devia ter sido utilizada, ou proposta sequer a uma creche”, pois “não faz qualquer sentido”, argumenta também em declarações à TVI.

A estação apurou que a apólice é utilizada em várias creches do país, com o mesmo tipo de seguro e de cobertura que exclui menores de 14 anos.

Fidelidade fala em “lapso” e assume despesas do funeral

Numa resposta posterior enviada à TVI, a Fidelidade fala em “lapso” por não ter sido excluída das “condições particulares” a “morte de pessoas com idade inferior a 14 anos” que consta das condições gerais.

Deste modo, a seguradora assegura que assumirá as coberturas sempre que isso esteja estipulado nos contratos e conforme as cláusulas dos mesmos.

Mas na resposta aos pais, a empresa começou por vincar que não assumia quaisquer pagamentos alegando que “a situação participada não é resultante de acidente”, como cita a TVI.

Contudo, este dado ainda não está comprovado, uma vez que se espera pelo resultado da autópsia para saber a causa de morte da criança.

Após os contactos da TVI, a Fidelidade acabou por dar o dito por não dito e numa nova nota assume o erro, notando que “não existem elementos que indiquem, de forma conclusiva, a causa da morte, de forma a poder aferir se ela poderá estar ou não garantida por uma apólice de acidentes pessoais – seguro escolar“.

Deste modo, a empresa volta atrás e vai assumir as despesas do funeral de Simão, como adianta o canal.

Apesar disso, o pai do bebé que morreu critica a creche por ter um seguro “que não serve para nada”. E Graça Soares assume que se isto for verdade, quer “ser informada” porque, então, vai pedir “o dinheiro de volta, destes anos todos”.

ZAP //

5 Comments

  1. Por estas e por outras pouca gente confia nos seguros. Arranjam sempre uma forma, escrita em letras miudinhas ou não, de dar a volta e não pagarem. Há poucos anos tive um acidente em que o culpado fugiu e não foi encontrado e acionei o meu seguro próprio para pagar os danos. Resposta: Como não houve mortes nem feridos a seguradora não paga.

  2. Por isso é que na Polónia algumas empresas portuguesas se chamuscam, caso do BCP e da Jerónimo Martins !!
    O BCP andou por lá a inventar empréstimos em moedas estrangeiras e depois arcou com o prejuízo, enquanto que aqui pelo burgo não passa nada, com os mesmos empréstimos.
    O Pingo doce também se colocou a fazer anúncios enganosos, como é frequente por cá e chupou com multa; na Polónia as autoridades não brincam e bem.
    Talvez por isso a Polónia cresce económicamente e por cá, é a selva do costume.
    Quanto aos seguros e à fidelidade também tenho um caso para contar. Subscrevi um PPR em 1995, com rendimento mínimo garantido de 3% + participação nos resultados. O PPR está activo mas não posso fazer entregas para obter o correspondente benefício fiscal, ou seja governam-se com o dinheiro e o PPR está como que suspenso.
    Reclamei para vários locais, referindo que eles tem todo o direito de rescindir o contracto, caso se lhes mostre desfavorável, assumindo as consequências e encargos da opção, mas não, governam-se com o dinheiro e não deixam fazer entregas extradordinárias, com a desculpa que o produto foi descontinuado. E assim vivemos cá pelo burgo.

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