Jerry Parr, o agente dos Serviços Secretos norte-americanos que em 1981 salvou a vida ao presidente Ronald Reagan, durante um atentado em Washington, faleceu esta sexta-feira.
Segundo o The New York Times, Parr faleceu numa casa de saúde próximo da sua residência, aos 85 anos, por insuficiência cardíaca.
A 30 de Março de 1981, quando Ronald Reagan se encontrava a acenar aos jornalistas no exterior do Hotel Hilton, à saída de uma conferência em Washington, seis tiros soaram.
Reagindo instintivamente, o agente Jerry Parr empurrou o presidente norte-americano, que aparentemente não tinha sido ferido, para dentro da limousine presidencial, protegendo-o com o seu corpo.
Quando a viatura se dirigia já para a Casa Branca, Parr reparou que o presidente norte-americano, que julgava que tinha uma costela partida, estava a sangrar e com sinais de dores.
Parr ordenou então ao motorista que se dirigisse imediatamente ao hospital de Washington.
Reagan sofreu uma perfuração no pulmão, mas o rápido atendimento médico permitiu que o presidente, na altura com 70 anos, recuperasse rapidamente.
“Se Jerry não tivesse mudado o rumo da limousune, eu já não tinha marido”, disse a então primeira-dama, Nancy Reagan, numa entrevista à CNN, alguns meses mais tarde.
No incidente, o presidente Reagan, eleito apenas 69 dias antes, e três outras pessoas foram baleados e feridos por John Hinckley Jr., mais tarde diagnosticado com uma doença psiquiátrica.
O episódio marcou a vida de Parr, elogiado pelos seus companheiros e pela elite política do país pela sua rapidez, sangue frio e determinação num momento de caos.
Nascido em 1930 em Montgomery, Alabama, Jerry Parr cresceu na Flórida e trabalhou numa companhia elétrica antes de se juntar aos serviços secretos, em 1962.
Parr viveu mais onze anos do que o presidente a quem salvou a vida. Reagan morreu em 2004, com a doença de Alzheimer.
O ataque de Hinckley Jr. foi atribuído a um distúrbio psiquiátrico, associado a uma obsessão doentia pela então jovem actriz Jodie Foster.
Hincley Jr. começou por perseguir inicialmente o antecessor de Reagan, Jimmy Carter, que pretendia assassinar para impressionar a actriz “com a dimensão do acto que iria cometer”.
Pouco antes das 14:30 de 30 de Março de 1981, quando Reagan saía do Hilton e acenava aos jornalistas no local, Hinckley saiu da multidão e disparou seis vezes em três segundos.
O primeiro projétil atingiu a cabeça de James Brady, Secretário de Impressa da Casa Branca, e o segundo atingiu as costas de Thomas Delahanty, oficial da Polícia de Columbia.
A quarta bala atingiu no abdómen Tim McCarthy, um dos agentes dos serviços secretos que protegia Reagan.
O quinto projéctil atingiu o vidro à prova de balas da janela no lado aberto da porta da Limusina presidencial.
O sexto projéctil ricocheteou na limousine e atingiu o presidente na axila esquerda, passando de raspão por uma costela e alojando-se no pulmão, parando a menos de 2 cm do seu coração.
À chegada ao hospital, Reagan tinha perdido mais de metade do seu volume sanguíneo. O director da equipa de cirurgia torácica do hospital, Benjamin L. Aaron, decidiu operar o presidente.
“Por favor, digam-me que vocês são todos Republicanos”, brincou o presidente Reagan.
“Nós hoje somos todos republicanos”, respondeu o cirurgião Joseph Giordano, um liberal democrata.
ZAP / Lusa