Morreu Niki Lauda, tricampeão mundial de Fórmula 1

Niki Lauda, histórico piloto de Fórmula 1 que foi campeão mundial em 1975, 1977 e 1984, morreu esta segunda-feira, aos 70 anos.

A notícia foi avançada pelo jornal Die Presse e foi revelada pela própria família do austríaco, que tinha realizado um transplante de pulmão no passado verão e que passou várias semanas internado no hospital já no início deste ano, devido a uma pneumonia.

“É com profundo pesar que anunciamos que nosso querido Niki Lauda morreu de forma pacífica ao lado dos seus familiares. As suas conquistas únicas como atleta e empreendedor são e continuarão inesquecíveis, o seu incansável entusiasmo pela ação, a sua franqueza e a sua coragem permanecerão como um modelo e uma referência para todos nós. Ele era um marido, pai e avô amoroso e carinhoso longe do público e sentiremos a sua falta”, lê-se no comunicado enviado pela família do piloto austríaco.

Nascido em 22 de fevereiro de 1949 em Viena, Andreas Nikolaus Lauda teve quatro filhos de dois casamentos. Niki Lauda começou a carreira em 1968, com apenas 19 anos, e destacou-se primeiro na Fórmula 2 e 3 antes de saltar para a modalidade rainha do automobilismo, de acordo com o Observador. Estreou-se com a modesta March e foi campeão mundial pela primeira vez em 1975, no segundo ano na Ferrari, voltando a conquistar o título mundial apenas dois anos depois.

Viveu uma rivalidade saudável com James Hunt, de quem era amigo nas garagens, e venceu o último título mundial da carreira em 1984, o penúltimo em que competiu, já ao serviço da McLaren.

Passou vários anos afastado da modalidade depois de terminar a carreira, ocupado principalmente com a gestão da empresa de aviação que fundou, e só regressou às pistas e ao automobilismo no final dos anos 90, quando foi convidado pela Ferrari para ocupar o cargo de consultor técnico extraordinário.

Mudou-se para a Jaguar em 2001, enquanto diretor técnico, mas acabou por demitir-se apenas dois anos depois devido aos resultados sofríveis da equipa. Em setembro de 2012, depois de quase dez anos fora da Fórmula 1, aceitou o convite da Mercedes AMG Petronas para ser presidente não executivo da franquia, cargo que ocupou até morrer.

Foi parte importante das negociações com a McLaren que levaram Lewis Hamilton para a Mercedes e teve um papel fulcral nos cinco títulos de construtores consecutivos que a equipa conquistou nos últimos anos — a par dos outros cinco consecutivos na classificação de pilotos, entre quatro de Hamilton e outro de Nico Rosberg.

O campeonato de 1976 foi um dos mais dramáticos e marcantes da história da Fórmula 1, marcada pelo duelo entre Niki Lauda e James Hunt. Lauda era o campeão em título e dominava o campeonato ao volante de um Ferrari tendo cavado uma distância confortável nas primeiras corridas pelo que era o grande favorito à vitória.

Nessa época o GP germânico disputava-se no histórico e mítico circuito de Nurburgring, famoso por ser o mais longo de todos — tinha mais de 22 quilómetros de extensão — e por ter 17 curvas desenhadas por entre as montanhas Eifel. Logo na segunda volta Lauda saiu de pista e embateu violentamente nos rails de proteção. O Ferrari que conduzia incendiou-se instantaneamente e o piloto austríaco ficou preso dentro do monolugar.

Os pilotos Arturo Merzario, Brett Lunger, Guy Edwards e Harald Ertl conseguiram retirar Lauda do carro, mas o austríaco sofreu queimaduras graves na cabeça e nos braços e de inalar gases tóxicos que lhe contaminaram os pulmões e a corrente sanguínea.

O piloto saiu do Ferrari consciente e chegou a conseguir andar, mas entrou em coma poucos minutos depois. Perdeu a orelha esquerda, grande parte do cabelo, as sobrancelhas, as pestanas e as pálpebras. Quando acordou, dias depois, e foi confrontado com a inevitabilidade de várias cirurgias plásticas de reconstrução, decidiu que só iria reconstruir as pálpebras e ficar no hospital o tempo necessário para que estas funcionassem de forma quase normal.

Para espanto generalizado, Niki Lauda apenas esteve afastado da competição em duas corridas, regressando às pistas seis semanas depois do acidente, no início de setembro, para o Grande Prémio de Itália. Conquistou um inacreditável quarto lugar e confessou que estava “absolutamente petrificado”.

O campeonato de pilotos apenas ficaria decidido na última prova, a 24 de outubro de 1976, dia do Grande Prémio do Japão. Niki Lauda e James Hunt estavam separados por 3 pontos. Quem ganhasse a corrida seria coroado campeão do mundo. E a sorte que bafeja os audazes coube nessa tarde a Hunt.

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