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Morreu o neurocirurgião João Lobo Antunes

ARCampos / Wikimedia

O neurocirurgião João lobo Antunes

O neurocirurgião João lobo Antunes

O neurocirurgião João Lobo Antunes faleceu esta quinta-feira, aos 72 anos de idade, depois de lutar há vários anos contra o cancro.

O presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) estava a lutar contra um cancro da pele há vários anos e o seu estado de saúde piorou bastante nos últimos dias.

Segundo uma nota enviada à comunicação social, o corpo de João Lobo Antunes estará a partir das 18h desta sexta-feira em câmara ardente nas Capelas Exequiais da Basílica da Estrela. As cerimónias fúnebres religiosas vão decorrer no sábado, pelas 9h, com celebração de missa de corpo presente.

João Lobo Antunes fez parte do Conselho de Estado entre 2011 e 2016 e era atualmente presidente do CNECV e do Conselho de Ética da Fundação Champalimaud.

Esta quinta-feira, a Assembleia da República aprovou por unanimidade um voto de pesar subscrito por todos os grupos parlamentares, seguido de minuto de silêncio, pela morte do neurocirurgião.

O voto de pesar foi lido pelo presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, caracterizando João Lobo Antunes como um médico “brilhante”, um “humanista” e um “grande português”.

“João Lobo Antunes era um homem de cultura, conhecedor dos clássicos e atento aos movimentos e às tendências do seu tempo. A excelência profissional desenvolveu-se a par do empenhamento cívico“, lê-se no documento.

Em relação a ações de natureza cívica, no voto lembra-se que o neurocirurgião foi mandatário nacional das candidaturas de dois antigos presidentes da República, Jorge Sampaio e Cavaco Silva, sendo “respeitado por todos os quadrantes políticos”.

João Lobo Antunes, para a Assembleia da República, foi “um grande português”.

“É, pois, com profunda tristeza que a Assembleia da República, reunida em sessão plenária, assinala o seu falecimento, transmitindo à sua família o mais sentido pesar”, acrescenta-se.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez em Havana uma declaração “de homenagem e evocação” do neurocirurgião e apresentou condolências à sua família

O chefe de Estado evocou o neurocirurgião como “uma figura cimeira no domínio da saúde e da ética das ciências da vida”, que era “respeitado por toda a sociedade portuguesa”, como colegas de medicina, alunos e doentes.

“É uma perda de um amigo, mas é também a perda de um grande português”, sublinhou.

“Um grande português”

Licenciado e doutorado em Medicina pela Universidade de Lisboa, Lobo Antunes viveu nos Estados Unidos durante mais de uma década, onde integrou o Departamento de Neurocirurgia do New York Neurological Institute, Columbia Presbyterian Medical Center, da Universidade de Columbia.

Regressou a Portugal em 1984, tornando-se professor catedrático na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Deu a sua última aula em 2014.

O neurocirurgião dedicou-se principalmente ao estudo do hipotálamo e da hipófise.

No ano passado, foi-lhe atribuído o Prémio Nacional de Saúde 2015, altura em que foi recordado como o primeiro médico da história a implantar um olho eletrónico num cego, um implante que, desde então, já foi feito em 15 invisuais, permitindo-lhes ver algumas formas e distinguir certas cores.

Foi Vice-Presidente para a Europa do World Federation of Neurosurgical Society; Presidente da Sociedade Europeia de Neurocirurgia; do Conselho Superior de Ciência, Tecnologia e Inovação; da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa e da Academia Portuguesa de Medicina e Professor Convidado da Universidade de Pequim.

Foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, a Grã Cruz Militar de Sant’Iago de Espada e a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.

Venceu o Prémio Pessoa em 1996, recebeu em 2003 a Medalha de Ouro de mérito do Ministério da Saúde e em 2013 o Prémio da Universidade de Lisboa.

A nível político, foi mandatário nacional das candidaturas presidenciais de Jorge Sampaio, em 1996, e de Cavaco Silva, em 2006. Fez parte do Conselho de Estado entre 2011 e 2016.

Era atualmente presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) e o Conselho de Ética da Fundação Champalimaud.

ZAP / Lusa

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