Moreira da Silva apresenta candidatura à liderança do PSD para “renovar” o partido e criar uma “cultura de start-up”

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Tiago Petinga/LUSA

Jorge Moreira da Silva apresenta a sua candidatura à liderança do Partido Social Democrata (PSD)

Num longo discurso de 17 páginas, o antigo ministro deixou críticas internas, apontou o caminho para a mudança e distanciou-se do seu opositor.

Jorge Moreira da Silva anunciou esta manhã a candidatura à liderança do PSD, assumindo-se como uma alternativa ao projeto de Luís Montenegro, ate agora candidato único. No discurso de apresentação da candidatura, o antigo ministro não se inibiu de deixar críticas ao passado recente do PSD, afirmando que o partido enfrente “uma crise de modernidade” e sublinhando que nele “não cabem racistas, xenófobos e populistas”.

“Candidato-me à liderança do PSD pelo sentido de responsabilidade que 33 anos de militância exigem e animado pela firme convicção de que sou portador de um projeto capaz de renovar o PSD, libertar o potencial de Crescimento Sustentável em Portugal e assegurar que os portugueses reconquistam o seu pleno Direito ao Futuro“, explicou. Tratou também de estabelecer as diferenças entre si e o seu adversário, em jeito de alfinetada ao seu oponente, apesar de nunca referir o seu nome, e a candidatos anteriores. “Não me apresento a esta eleição com uma abordagem de soundbites por respeito aos militantes: quero dizer-lhes ao que venho”.

Para sustentar a sua candidatura, Moreira da Silva lembrou a pandemia, “que provocou a maior crise económica e social desde a 2.ª guerra mundial”, a escalada de preços e a guerra na Ucrânia “com efeitos devastadores”. “Em Portugal, enfrentamos uma tempestade perfeita: o mundo mudou a uma velocidade alucinante, o país não se atualizou, nem se reformou, e não pôde contar com o potencial transformador do PSD.” Como tal, entende que “é chegada a hora de renovar o PSD, de reformar a política e de liderar o crescimento sustentável em Portugal”.

O discurso — que se estendeu para lá dos 25 minutos — ficou também marcado pela enumeração dos cinco compromissos com que o candidato tenciona organizar o seu mandato, caso seja eleito. O primeiro visa “atualizar as linhas programáticas do PSD e clarificar a natureza do nosso relacionamento com os outros partidos. “Mais do que uma estéril e obsoleta discussão sobre o posicionamento do PSD com um partido de centro ou um partido de direita, é fundamental, num contexto em que o país tem sido liderado por forças conformistas, posicionar o PSD como o espaço amplo que une todos os reformistas e que agrega social-democratas e liberais-sociais”.

Apesar de recusar tais discussões ideológicas, não teve problema em criar uma barreira distintiva muito clara face ao Chega, deixando crer que foi esta dificuldade, no passado, que levou aos maus resultados eleitorais do PSD. “Lamento que, em 2020, muitos tenham ficado conveniente calados e, ainda pio, venham agora definir o PSD como ‘a casa comum dos não socialistas’. Comigo, não.”

O candidato pretende também mudar o partido por dentro, defendendo que este está a ver “o mundo de forma desfocada“. “Passaram dez anos e, nesta década, assistimos a crises globais sem precedentes e a uma transformação a um ritmo igualmente estonteante na ciência, inovação e saúde. Emergiu uma revolução energética e o início do fim da era do carvão e do petróleo. Uma nova geração de empresas nacionais e internacionais destronaram os incumbentes.”, estabeleceu, lendo as 17 páginas do seu discurso escrito.

Outro dos objetivos passa por tornar o PSD um partido mais atraente para os jovens, nomeadamente com uma “cultura de start-up e não de incumbente”. “Seremos um partido-movimento, orientado por causas. Seremos um partido de eleitores e de militantes. Seremos um partido organizado matricialmente (conjugando a componente residencial e temática) e não apenas territorialmente. Seremos o partido que sairá das sedes e estará em contacto direto com os cidadãos, ouvindo-os, auscultando-os e envolvendo-os nos nossos processos de decisão interna”.

Ana Rita Moutinho, ZAP //

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