/

Montenegro usa a palavra “raça”. Não se justifica. E repete a dose

2

Miguel A. Lopes / Lusa

Duas grandes vitórias no desporto originaram múltiplas críticas aos elogios do primeiro-ministro – que não fugiu à expressão “raça lusitana”.

Fernando Pimenta, João Almeida e… Luís Montenegro. Este foi um trio que marcou o fim-de-semana.

A nível desportivo, no sábado Fernando Pimenta voltou a cantar o hino nacional. O canoísta foi campeão europeu de K1 1.000 metros pela quarta vez. A medalha de ouro conquistada em Racice, na República Checa, é mais uma para o palmarés extenso do multicampeão de canoagem.

Luís Montenegro aplaudiu. No X, escreveu: “Que grande orgulho, Fernando Pimenta! Pela quarta vez campeão da Europa de K1 1000! É esta a raça lusitana, é esta a garra portuguesa. Bravo!”.

“Raça”. Essa foi a palavra que originou múltiplas críticas naquela rede social. Entre comentários de diversos utilizadores, insistindo no “não há raças” ou “só existe uma raça, porra Luís!”, também apareceram comentários de políticos.

Joana Mortágua, antiga deputada do Bloco de Esquerda: “Raça lusitana? Diria que é um português de sangue puro, portanto? Luís Montenegro já nem esconde que quer tirar o lugar ao outro. Está-lhe quase no colo” – uma referência a André Ventura.

Isabel Moreira, deputada do PS: “‘Raça lusitana’. Eis Luís Montenegro a dar tudo para superar o outro” – nova referência ao presidente do Chega.

Igualmente do PS, destaca o Notícias ao Minuto, Tiago Barbosa Ribeiro: “‘Raça lusitana'”, resumiu.

Outra vez a “raça”

Isto foi no sábado. No dia seguinte, domingo, João Almeida venceu a Volta à Suíça em bicicleta. O ciclista português partia para a última etapa atrás de Kévin Vauquelin mas, no contra-relógio final, deu a volta e ficou com a camisola amarela.

Luís Montenegro, novamente no X: “Parabéns, João Almeida, pela vitória na Volta à Suíça em bicicleta! Extraordinária demonstração de capacidade de superação ao vencer o contra-relógio de hoje e completar uma “remontada” espetacular. Mais um exemplo ao mais alto nível desportivo da raça lusitana e da garra portuguesa!”.

Usou a expressão “raça lusitana” outra vez.

Ou seja, não se esquivou, não se justificou perante as críticas – e até repetiu a dose. “Não se desculpou, como fariam outros políticos”, destacou Bruno Vieira Amaral (em tom de elogio), na rádio Observador, onde salientou também que isto é um “não-assunto, são assuntos menores”.

Contexto: esta palavra “raça” surge numa fase delicada em termos sociais, sobretudo no que diz respeito à imigração, e surge poucos dias depois do 10 de Junho, que ainda hoje é assinalado como o “Dia da Raça” por alguns extremistas – alguns deles atacaram Adérito Lopes e duas voluntárias que ajudavam sem-abrigo, precisamente a 10 de Junho deste ano.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

2 Comments

  1. Há quem goste de perder tempo e energia com minundências. A palavra “raça” é usada amiúde por toda a gente, sem o significado que alguns “politicamente correctos” activistas querem dar a entender. Montenegro não cometeu nenhum pecado (pelo menos desta vez) – e fez bem em insistir, manifestando tranquilidade. Já agora, existem por cá uns cavalos ditos de raça lusitana: será que vamos ter de passar a chamá-los outra coisa?

    1
    1
    • Assino por baixo. É a esta gente que pagamos chorudos ordenados para se passearem nas redes sociais a espiar os outros! Ainda bem que a sua influência diminui, da próxima é para sair do parlamento, não valem nada. .
      Estou farta desta gente..

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.