Montenegro diz que PS está mais próximo do Estado Novo do que o PSD do neoliberalismo

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ppdpsd / Flickr

O ex-líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro

O presidente do PSD respondeu esta quarta-feira ao secretário-geral adjunto do PS, que o apelidou de “orgulhosamente liberal”. Para Luís Montenegro, o PS está mais próximo da estrutura fascista União Nacional, do Estado Novo, do que o PSD do neoliberalismo.

A reacção de Luís Montenegro surgiu depois de João Torres o ter criticado por defender que o primeiro-ministro foi “demasiado longe” ao sujeitar à aprovação prévia do secretário de Estado do Ambiente e Energia o pagamento de quaisquer facturas emitidas pela fornecedora eléctrica Endesa a entidades do Estado.

Para o presidente do PSD, ao classificá-lo de “liberal” e acusá-lo de se preocupar mais com os interesses da Endesa do que com os dos consumidores, o PS quis apenas criar “um papão”, acabando por “infantilizar o debate político” com uma retórica destinada a “desviar a atenção do essencial”.

“Em bom rigor, o PS, com as atitudes que tem tido e com o despacho absolutamente insólito do primeiro-ministro, está muito mais próximo da União Nacional do que o PSD hipoteticamente estaria do neoliberalismo”, afirma Montenegro.

Para explicar esse raciocínio, o presidente do principal partido da oposição acrescenta: “O PS e o primeiro-ministro querem mandar em tudo, querem subverter o normal funcionamento do mercado e eu estou preocupado com os efeitos que isso tem para as pessoas – com os efeitos que a desregulação e a falta de esclarecimento no sector da energia tem ao penalizar as famílias e empresas”.

Notando que o Governo está a cobrar “muito mais receita fiscal” do que previa o Orçamento do Estado, devido ao aumento da inflação, Montenegro insiste que situações como as relativas ao caso Endesa são uma forma de António Costa “distrair os portugueses com uma situação acessória e lateral, desviando a atenção” daquilo que deveria ser prioritário.

“Em vez de andarem com esses papões e jogos de retórica, PS e Governo faziam bem em implementar medidas que ajudassem as pessoas, as pequenas e médias empresas, e as instituições sociais a enfrentar preços de energia que estão galopantemente a crescer a cada dia que passa”, conclui.

Saúde é “um drama quotidiano”

O presidente do PSD defendeu esta quarta-feira que em nenhum outro momento da história houve tanto desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) como no governo de António Costa, que, não o reconhecendo, também não saberá solucionar os respetivos problemas.

As declarações de Luís Montenegro foram proferidas a propósito da carta que médicos de ginecologia e obstetrícia dirigiram hoje à ministra da Saúde anunciando que apresentarão escusa de responsabilidade sempre que forem destacados para o trabalho de urgência hospitalar sem que as respetivas escalas estejam de acordo com o Regulamento n.º 915/2021 de 15.10.2021.

“Podem vir com os papões que quiserem – falar de neoliberalismo no PSD, de governação difícil nos tempos em que tivemos intervenção externa – mas não há momento histórico em que tenha havido maior desinvestimento no SNS – na qualidade do serviço prestado e na sua capacidade de ter mais e bons profissionais – do que nestes anos [de gestão socialista]”, declarou o líder social-democrata, acrescentando que, “enquanto o PS não tiver capacidade de reconhecer isso, vai continuar a dizer que está tudo bem e a não ter capacidade de resolver esses problemas”.

Para Luís Montenegro, a decisão dos ginecologistas e obstetras reflete o ponto crítico a que chegou o SNS e, considerando que os socialistas estão na liderança do país há sete anos, “há mais do que razões para se poder assacar responsabilidade direta ao primeiro-ministro, ao governo do PS e à ministra da Saúde”.

O presidente do principal partido da Oposição ironiza que a postura dos socialistas tem sido, aliás, a de que “tudo o que acontece em Portugal é culpa de alguém menos do Governo” e parece mesmo insinuar que o SNS não enfrentaria problemas se os portugueses não insistissem em adoecer.

Para Luís Montenegro, a realidade, contudo, é que os serviços de saúde representam atualmente “um drama quotidiano” para os portugueses, seja para os doentes, seja para os que sentem “a angústia” de poder vir a necessitar do SNS, pelo que “o Governo tem que ter a humildade de reconhecer que as políticas que desenvolveu conduziram a esta situação”.

“Não chegámos aqui por acaso, em primeiro lugar porque houve um grande desinvestimento nos serviços públicos em geral e no da saúde em particular, e, em segundo, por teimosia ideológica, porque o sistema de saúde em Portugal não tem uma forma coordenada e complementar de associar o SNS com a oferta do privado e social”, argumenta o presidente do PSD.

Referindo que esse estado de coisas também se deve à “ideologia comunista e bloquista”, que aponta como corresponsável pelos erros do PS, Montenegro culpa o governo de António Costa por ter degradado a qualidade do serviço e das carreiras clínicas, do que resulta que o setor não tem atratividade nem capacidade de retenção de profissionais – o que impede, por exemplo, o funcionamento de urgências em horários normais, “num efeito bola de neve em que, à medida que o tempo passa, a situação fica mais agudizada”.

ZAP // Lusa

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5 Comments

  1. O que é que o sr. Luís Montenegro sabe do Estado Novo? Ouça caro senhor, toda a sua “lábia” é a de alguém que quer marcar o seu espaço, e ganhar os seus minutos de notoriedade. Mas o senhor já é por deveras conhecido pela sua cumplicidade para o empobrecimento do país, em união de facto com a cambada de que fez parte e que infelizmente ( des )governou este país. Para não ficar ainda pior na fotografia deixe de dizer disparates.

  2. E aquando o estado novo era lá possível eu escrever que gostaria que o sr. montenegro fosse comer bem no meio daquele seu buraco onde o sol não brilha?
    Nem sonhando!

  3. Pois, o governo PS tem tiques altamente ditatoriais.
    Quem os ouve e vê, fica com noção de que eles pensam que são donos do país e que o povo existe para os servir.
    Alguém que explique a essa gente que é ao contrário, que eles tiveram um voto de confiança do povo português (em rigor, de uma fração povo português…) para que possam servir esse mesmo povo português. Eles estão lá para servir e não para ser servidos. E não, não são donos de portugal, por muito que pensem de modo diferente…

  4. Por acaso houve um indivíduo da Endesa que falou e o Governo teve que agir, pondo um Secretário de Estado a validar as faturas da luz dessa empresa. Esperemos até final do ano para ver o que irá acontecer às faturas da luz. Se os preços se mantiverem, ótimo. Caso contrário, não venham com desculpas da falta de água nas barragens, com a guerra da Ucrânia, com a pandemia.
    Quanto à saúde, parece que, para alguns, está tudo bem. A culpa é das televisões e das mulheres ficarem grávidas nesta altura do ano!

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