Montenegro e Pedro Nuno comparados a Sócrates (no mesmo dia)

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// José Coelho, Miguel A. Lopes, António Cotrim / Lusa

De repente, José Sócrates torna-se protagonista da campanha eleitoral, quase 14 anos depois de ter deixado de ser primeiro-ministro.

Os cartazes originaram polémica, o caso já seguiu para a Justiça, mas André Ventura insiste: o caso da Spinumviva, que envolve a família de Luís Montenegro, é comparável aos casos à volta de José Sócrates.

Neste domingo, o líder do Chega deixou duras críticas à conduta do primeiro-ministro, referindo que tem explicações a dar sobre o seu património.

“Temos um primeiro-ministro que enriqueceu miraculosamente. Constrói palácios e compra casas. O problema é que um político tem deveres acrescidos sobre os restantes cidadãos e tem que explicar como é que o património que lhe vem do exercício da atividade pública permite aquele tipo de coisas. Senão, é um Sócrates igual a outros que tivemos“.

Ventura acrescentou que “ou queremos ser primeiro-ministro a tempo inteiro ou somos primeiro-ministro a part-time”.

O presidente do Chega criticou o programa eleitoral do PS, destacando a proposta de IVA zero no cabaz alimentar, medida que o Chega tentou aprovar em 2023, mas que na altura foi rejeitada pelos socialistas.

“O que é que mudou de há um ano e seis meses para agora? Nada. Só se mantém uma coisa: é a falta de vergonha na cara do Partido Socialista nestas eleições”, afirmou.

Ventura criticou também medidas recentemente anunciadas pelo PS, como a atribuição de 500 euros às crianças e o fim de algumas portagens alegando que durante oito anos de governação socialista estas medidas nunca foram colocadas em prática.

“Não podemos pensar que a alternativa ao PSD tem que ser o PS. Porque quem governou durante oito anos e não fez nada daquilo que está a prometer fazer agora, temos que ter a devida suspeita que só o está a fazer por puro eleitoralismo”, afirmou.

Ministro fala em… Sócrates

O PSD também reagiu ao programa apresentado pelos socialistas. O presidente Luís Montenegro comparou o PS atual ao do antigo primeiro ministro José Sócrates por “prometer tudo a toda a gente”.

“Hoje, a nossa candidata disse [na sua intervenção] que não estava aqui para fazer falsas promessas, que não estava aqui para prometer aquilo que não podia fazer. É curioso porque ao mesmo tempo que a Fátima [Alves] estava a falar, alguém mais longe, estava a apresentar o programa eleitoral para as eleições legislativas de 18 de maio, e estava precisamente, à boa maneira de um ex-primeiro ministro, chamado José Sócrates, a prometer tudo a toda a gente”, acusou Montenegro.

“Agora é prometer tudo a toda a gente como se fosse exequível, responsável estar, de um momento para o outro, a prometer e a dar tudo a toda a gente, não tendo consciência que esse é o primeiro passo no caminho para o empobrecimento, no caminho para termos mais dificuldades no futuro do que aquelas que temos hoje de superar”, explicou.

Isto foi no sábado, o dia da apresentação do programa eleitoral do PS. No dia seguinte, já com mais algumas horas para estudar o documento e pensar nas reações, um ministro falou em… José Sócrates.

“Se este programa alguma vez fosse aplicado, Portugal voltaria ao tempo do empobrecimento que terminou na bancarrota. Pedro Nuno Santos seria o novo José Sócrates. O PS entrou em roda livre, veio ao de cima o seu lado mais imaturo, menos ponderado”, apontou Manuel Castro Almeida, ministro Adjunto e da Coesão Territorial, e cabeça de lista do PSD por Portalegre.

Considerando que este programa “é o fim das contas certas, é o enterro do equilíbrio orçamental do Estado”, Castro Almeida afirmou que “Portugal voltaria a ter défice e voltaria a aumentar a dívida pública”: o “desespero apoderou-se do PS”, acusando os socialistas de “prometer tudo a todos sem fazer contas a nada”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP // Lusa

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