Monóxido de carbono em falta nos discos planetários está escondido no gelo

ALMA (ESO/NAOJ/NRAO), B. Saxton (NRAO/AUI/NSF)

Um modelo adaptado permitiu concluir que o monóxido de carbono que não tem sido detetado nas observações feitas aos discos protoplanetários está de facto lá – mas sob a forma de gelo e não no estado gasoso, que é o mais habitual.

Normalmente, os astrónomos conseguem detetar o monóxido de carbono no estado gasoso nos discos protoplanetários. As últimas previsões quanto à sua abundância mostravam que falta uma grande quantidade em todos os discos.

Observações feitas com recurso a um modelo adapatado, validado pelas observações feitas com o telescópio ALMA, resolveu o mistério. Afinal, o monóxido de carbono está escondido em formações de gelo dentro dos discos, revelou um artigo publicado recentemente na Nature Astronomy.

“Este pode ser um dos maiores problemas por resolver em discos formadores de planetas”, explicou a investigadora Diana Powell, que lidera o estudo, citada pelo Ciencia Plus. Dependendo do sistema observado, a quantidade de monóxido de carbono é três a 100 vezes menor do que deveria ser, explicou.

As imprecisões do monóxido de carbono podem ter enormes implicações no campo da astroquímica. Este “é utilizado para rastrear tudo o que sabemos sobre discos, tais como massa, composição e temperatura”, indicou Powell, notando: “isso pode significar que muitos dos nossos resultados têm sido tendenciosos e imprecisos”.

Para desenvolver a investigação, Powell modificou um modelo astrofísico, atualmente utilizado para estudar as nuvens de exoplanetas. “O que é realmente especial neste modelo é que ele (…)” consegue “rastrear a localização do gelo, a partícula em que se encontra, o tamanho dessa partícula e depois como se move”.

Powell analisou então a forma como o monóxido de carbono evolui ao longo do tempo nos discos. Para testar a validade do modelo, comparou os resultados obtidos com observações realizadas pelo ALMA em quatro deles: no TW Hya, no HD 163296, no DM Tau e no IM Lup.

Os resultados revelaram que nos quatro discos não faltava monóxido de carbono, mas que este tinha sido transformado em gelo, indetetável através de um telescópio. Observatórios de rádio como o ALMA permitem aos astrónomos ver monóxido de carbono no espaço no seu estado gasoso.

O modelo mostrou que, ao contrário do que se pensava anteriormente, o monóxido de carbono está a formar-se em grandes partículas de gelo, especialmente após um milhão de anos. Antes de um milhão de anos, o monóxido de carbono em estado gasoso é abundante e detetável nos discos.

Esta descoberta altera “a forma como pensávamos que o gelo e o gás eram distribuídos nos discos”, referiu Powell.

ZAP //

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