“Mona Lisa” esconde uma mistura surpreendente de pigmentos tóxicos

Musée du Louvre / Wikimedia

Mona Lisa (p.), por Leonardo Da Vinci

Leonardo da Vinci é conhecido até hoje pelas suas inovações nos domínios das artes e das ciências. Porém, a Mona Lisa esconde uma mistura surpreendente de pigmentos tóxicos.

Um novo estudo, publicado no Journal of the American Chemical Society, mostra que o gosto de Leonardo da Vinci pela experiência se estendia até às camadas de base debaixo dos seus quadros.

Surpreendentemente, amostras quer da Mona Lisa, quer da Última Ceia sugerem que o polímata fez experiências com óxido de chumbo, provocando a formação de um composto raro chamado plumbonacrite, debaixo das suas obras de arte.

O mistério sobre as tintas e os pigmentos do atelier de Da Vinci tem levado os cientistas a procurarem os seus escritos e obras de arte na esperança de descobrirem pistas.

De acordo com o EurekAlert, muitas pinturas do início de 1500, incluindo a Mona Lisa, foram pintadas em painéis e madeira que exigiam uma espessa “camada de base” de tinta, antes de ser acrescentada a obra de arte.

Os cientistas descobriram que, enquanto que outros artistas usavam tipicamente o gesso, Da Vinci experimentou colocar camadas espessas de pigmento branco de chumbo e infundir o seu óleo com óxido de chumbo, um pigmento laranja que conferia propriedades de secagem específicas à tinta.

Utilizou uma técnica semelhante na parede debaixo da Última Ceia, um desvio da técnica tradicional de fresco utilizada na altura.

Para investigar estas camadas únicas, Victor Gonzalez e os seus colegas quiseram aplicar técnicas analíticas atualizadas e de alta resolução a pequenas amostras destas duas pinturas.

Embora se saiba que os pintores adicionavam óxido de chumbo aos pigmentos para os ajudar a secar, a técnica não foi provada experimentalmente em pinturas do tempo de Da Vinci.

De facto, quando os investigadores procuram nos seus escritos, a única evidência que encontram de óxido de chumbo foi uma referência a remédios para a pele e para o cabelo, apesar de se saber agora que é bastante tóxico.

Embora possa não o ter escrito, estes resultados demonstram que os óxidos de chumbo devem ter tido um lugar na paleta do polímata e podem ter ajudado a criar as obras-primas que hoje conhecemos.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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