Violência está a matar Moçambique à fome

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País africano foi acrescentado à lista de focos de fome pela ONU, que também alerta, em novo relatório, que mais de metade da população da Faixa de Gaza poderá enfrentar a morte e a fome “até meados de julho”.

Moçambique surge entre os países acrescentados à lista de focos de fome no relatório divulgado esta quarta-feira por agências das Nações Unidas, que apontam a violência e os conflitos armados como as principais causas de insegurança alimentar aguda mundial.

O escalar da violência armada no final do ano passado provocou uma nova vaga de deslocações forçadas no país, com cerca de 113 mil pessoas a verem-se obrigadas a fugir e deixar tudo para trás. Ao todo, já são mais de um milhão de deslocados e quatro mil mortes. provocadas pelas incursões de rebeldes islâmicos.

No último mês quase 100 mil pessoas tiveram de fugir – na maioria crianças (62%). A situação levou ao encerramento temporário de 157 escolas.

Faixa de Gaza…

Mais de metade da população da Faixa de Gaza poderá enfrentar a morte e a fome “até meados de julho”, e em 21 países a insegurança alimentar aguda poderá deteriorar-se, segundo um relatório das Nações Unidas hoje publicado.

A situação em Gaza resulta do “impacto devastador do conflito em curso, das fortes restrições ao acesso de bens, e do colapso dos sistemas agro-alimentares locais”

Espera-se, assim, que o conflito em curso na Palestina agrave “ainda mais o número de mortos, sem precedentes”, assim como a “destruição generalizada e a deslocação de quase toda a população da Faixa de Gaza”.

… e muitas outras regiões

“Estão a surgir ramificações regionais mais amplas que poderão agravar as já elevadas necessidades de segurança alimentar no Líbano e na Síria”, acrescentam as organizações, que estimam ainda aumentos nos custos dos bens alimentares no Iémen face à crise registada no Mar Vermelho, o que irá agravar ainda mais a situação na zona.

De acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e do Programa Alimentar Mundial (PAM), o Mali, o Sudão do Sul, o Sudão e a Palestina continuam a registar o nível de preocupação mais elevado e o Chade, a República Democrática do Congo (RDCongo), o Myanmar, a República Árabe da Síria e o Iémen são pontos críticos de grande preocupação.

“Todos estes pontos críticos têm um elevado número de pessoas que enfrentam, ou que se prevê que venham a enfrentar, níveis críticos de insegurança alimentar aguda, juntamente com o agravamento dos fatores que deverão exacerbar ainda mais as condições de risco de vida nos próximos meses”, refere o documento.

Desde a edição de outubro de 2023, Moçambique, a República Centro-Africana, o Líbano, Myanmar, a Nigéria, a Serra Leoa e a Zâmbia foram acrescentados à lista de focos de fome, indicam as agências da ONU.

“Os conflitos e as deslocações continuam a um ritmo e magnitude alarmantes no Sudão, agravando o fardo para os países vizinhos que acolhem um número cada vez maior de refugiados e repatriados – especialmente no Sudão do Sul e no Chade”, lê-se no relatório.

Também a região do Sahel continua a registar “uma instabilidade perturbadora”, com o aumento da violência a incrementar deslocações de civis.

“Prevê-se que a retirada das missões de manutenção da paz das Nações Unidas (ONU) no Mali, na RDCongo e na Somália criem vazios de segurança, que poderão ser explorados pelos grupos armados não-estatais, expondo ainda mais os civis à violência”, indicam.

De acordo com o relatório, no Corno de África, o conflito na Etiópia continuará a afetar os meios de subsistência agrícolas.

La Niña: um presente que pode vir envenenado

Outra consequência dos conflitos é a contração do crescimento económico nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento.

“Muitos países em todo o mundo continuam a debater-se com elevados níveis de endividamento – o que impede muitos Governos de protegerem as suas populações mais vulneráveis – e não há sinais claros de alívio dos elevados custos da dívida”, alertam.

A fome é também exacerbada pelos fenómenos meteorológicos extremos, como chuvas excessivas, tempestades tropicais, ciclones, inundações, secas e o aumento da variabilidade climática.

Durante o mês de fevereiro, em Moçambique, no Maláui, na Zâmbia e no Zimbabué, um extenso período de seca afetou as culturas na altura em que a água era mais necessária para o seu desenvolvimento.

“Prevê-se que o fenómeno La Niña — que corresponde ao arrefecimento anómalo das águas superficiais do oceano Pacífico — prevaleça entre agosto de 2024 e fevereiro de 2025, influenciando significativamente a distribuição da precipitação e as temperaturas”, indicam.

Este fenómeno poderá melhorar as perspetivas agrícolas, mas também aumenta o risco de inundações em partes do Sudão do Sul, da Somália, da Etiópia, do Chade, do Mali, da Nigéria, do Sudão e do Haiti, conclui-se no relatório.

ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. Agora chamamos islão pelo nome de violência ? Não podemos dizer a verdade do flagelo que o islão está a fazer no continente?

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