Ratos mumificados foram encontrados a mais de 6.000 metros de altitude, no topo dos vulcões dos Andes. A descoberta vem desafiar suposições anteriores, sobre a adaptabilidade de mamíferos em ambientes extremos, sugerindo que há comunidades inteiras de ratos a viver em condições hostis.
Um estudo publicado esta segunda-feira, na Nature, revelou que foram encontrados mais de uma dúzia de ratos naturalmente mumificados, no cimo de vulcões nos Andes – tanto no Chile como na Argentina.
Estes ratos, conhecidos como Phyllotis vaccarum, foram encontrados a mais de 6.000 metros acima do nível do mar, em condições extremamente hostis, incluindo temperaturas abaixo de zero e ar rarefeito.
A equipa, liderada pelo biólogo Jay Storz da Universidade de Nebraska-Lincoln (EUA), já tinha encontrado um rato vivo no cume de outro vulcão andino a 6.739 metros acima do nível do mar, tornando-o o mamífero a viver na maior altitude já registada.
Agora, a descoberta de ratos de diferentes períodos de tempo indica que o caso anterior não foi isolado: “A descoberta de múmias num período de tempo alargado mostra que o único rato não foi uma ocorrência única”, apontou Jay Storz.
As análises ao genoma dos ratos mumificados verificaram a existência de um número igual de machos e fêmeas, com ratos geneticamente relacionados.
“Isso sugere que os ratos não se deslocam apenas ocasionalmente para os cumes; na realidade, comunidades de ratos fazem das cimeiras dos vulcões as suas casas”, explicou o cientista.
A existência destes ratos a tal altitude levanta várias questões, inclusive sobre o que se alimentam, dada a quase inexistência de fontes de alimentos – tendo agora de ser levadas a cabo análises ao conteúdo estomacal dos roedores, para obter uma resposta concreta e objetiva a esta pergunta.
“É uma descoberta surpreendente que desafia as nossas suposições anteriores sobre a adaptabilidade das espécies a ambientes extremos”, considerou Emmanuel Fabián Ruperto, ecologista comportamental no Instituto Argentino para a Investigação em Zonas Áridas, citado pela Nature.