Habitantes da Sibéria descobriram uma caverna cheia de ossadas de animais. Paleontólogos acreditam que é o maior esconderijo de hienas da pré-história alguma vez encontrado, naquela região.
Uma cápsula do tempo pré-histórica, na Sibéria, guardou até hoje um “zoológico de ossos de animais“, que foram devorados por hienas há milhares de anos.
O esconderijo foi descoberto por habitantes de Khakassia, no sul da Sibéria. Continha ossos bem preservados que, segundo os paleontólogos, estavam intocáveis há cerca de 42 mil anos.
As pesquisas foram levadas a cabo por cientistas do Instituto de Ecologia Vegetal e Animal do Ramo Ural da Academia Russa de Ciências, da Universidade Federal dos Urais, do Instituto de Geologia e Mineralogia do Ramo Siberiano da Academia Russa de Ciências e do Clube Abakan de Espeleólogos.
Os paleontólogos encontraram os ossos dos predadores, ao lado dos ossos das suas presas, da época do Plistoceno – 2,6 milhões a 11 700 anos atrás.
Entre as descobertas estavam ossadas de ursos, rinocerontes, raposas, lobos, iaques, mamutes, rinocerontes, veados, gazelas, bisontes, cavalos, roedores, pássaros, peixes e sapos, como enumera a Live Science.
“Existem muitos restos de animais na caverna, a lista de fauna é bastante grande”, disse, em comunicado, Dmitry Gimranov, pesquisador da Academia Russa de Ciências.
Foram recolhidos 400 kg de ossos, incluindo dois crânios completos de hienas das cavernas: “Já temos dois crânios inteiros, o que é uma raridade. Achados destes, na Rússia, podem ser contados pelos dedos de uma mão”, disse Dmitry Gimranov.
No ossos, foram encontradas marcas de mordidas consistentes de dentes de hiena.
Os pesquisadores também se depararam com ossos de crias de hiena, que tendem a não se preservar tão facilmente, por serem frágeis – o que indica que foram criadas naquela caverna.
“Encontrámos um crânio inteiro de uma hiena jovem, muitas mandíbulas inferiores e dentes de leite”, disse Dmitry Gimranov.
As primeiras descobertas já foram feitas há cinco anos. No entanto, os paleontólogos só conseguiram começar a explorar e a examinar os restos mortais em junho de 2022.
A caverna “é única”, dizem os cientistas. Os ossos estão na superfície, por isso não foi necessário fazer escavações.
A Sibéria é rica em restos de animais do Pleistoceno – que ainda não têm idade suficiente para serem fossilizados.
O clima frio que, atualmente, se faz sentir na Sibéria tem um papel fundamental na preservação desses restos mortais que, geralmente, não são muito diferentes do que eram no ano em que morreram, como explica a Live Science.
Os ossos estão agora a ser alvo de uma análise mais aprofundada.
“A descoberta também nos vai dizer coisas sobre a flora e a fauna da época, o que os animais comiam e como era o clima nesta região”, disse Dmitry Malikov, pesquisador da Academia Russa de Ciências.