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Mujahid é a misteriosa figura por detrás da propaganda talibã (mas pode nem ser real)

Zabihullah Mujahid pode não ser um nome reconhecido pelas pessoas, mas a verdade é que tudo aquilo que ele diz é escutado atentamente por todo o mundo.

Mujahid é o porta-voz dos talibãs há 12 anos — e, quase como o Gato de Schrödinger, pode nem ser uma pessoa real ou até pode ser várias.

Com 75 mil seguidores no Twitter, não se sabe se é uma única pessoa ou se a página é gerida por uma equipa do grupo extremista. Muitos acreditam que sejam várias pessoas, mas em conversa via chamada telefónica com o site norte-americano OZY, Mujahid garantiu que esse era o seu verdadeiro nome.

“Não interferimos nos assuntos americanos, portanto eles não têm o direito de interferir nos nossos”, atirou o alegado responsável pela comunicação dos talibãs.

“Escolhemos duas maneiras de acabar com a ocupação do nosso país”, escreveu Mujahid. “Primeiro, diálogo e entendimento. Segundo, luta e jihad. Agora que Trump declarou o primeiro caminho morto, o segundo está vivo. E faremos Trump arrepender-se, se Deus quiser”.

Após a morte de um soldado americano num atentado bombista no Afeganistão, no dia 7 de setembro, o presidente norte-americano anunciou a interrupção das negociações de paz.

Mujahid conta com mais de 17 mil tweets na sua conta, anunciando assassínios, confirmando ou negando envolvimentos em atentados, entre outros. Os talibãs têm apenas mais dois porta-vozes, responsáveis por assuntos diferentes: Yousef Ahmadi e Suhail Shaheen.

Apesar de não revelar a sua localização, “por razões de segurança”, Mujahid garante que está no Afeganistão, apesar da sua localização no Twitter remetê-lo para o Paquistão e para o Ohio, nos Estados Unidos.

Funcionando como o óleo na máquina de propaganda talibã, Mujahid conta que o seu propósito é informar o Ocidente das atrocidades americanas praticadas no Afeganistão. Contudo, durante as negociações de paz entre os EUA e o Afeganistão, os talibãs foram responsáveis por vários ataques contra forças do Governo e civis.

O jornalista afegão Mokhtar Wafayi diz que a “verdade” que Mujahid mostra ao mundo é, grande parte das vezes, distorcida. Mujahid geralmente mente sobre quem os talibãs matam e o número de pessoas que matam. O objetivo deles é fazer o Governo parecer fraco e assustar os afegãos”, explica.

Wafayi lida com o porta-voz talibã há vários anos e defende que se trata de mais do que uma pessoa. Desde 2014, durante as ocasiões que falaram por telefone, o jornalista garante que o relações públicas já mudou três vezes de voz.

Em novembro de 2011, os serviços de inteligência afegãos detiveram um homem que identificaram como sendo Zabihullah Mujahid, mas o porta-voz aprontou-se a negar a detenção.

O grupo extremista vê nos jornalistas o canal perfeito para a disseminação da sua mensagem. “Os talibãs hoje tentam apresentar uma fachada de legitimidade, abrindo vínculos com os jornalistas”, explica o antropologista social Omar Sharifi.

Ainda assim, Mujahid critica a atuação de alguns meios de comunicação. “Alguns jornalistas publicam número de telefone dos talibãs e revelam quais são os nossos objetivos militares. Eles fazem coisas que os media não deveriam fazer“, atirou.

ZAP //

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