A pesquisa sugere que o fósforo, que é um componente essencial para a vida, surgiu na Terra graças à água do mar.
Um novo estudo publicado na Nature Communications pode finalmente ter descoberto como o fósforo se tornou um componente essencial para a vida na Terra.
A pesquisa sugere que a água do mar no período pré-histórico pode ter sido a fonte do fósforo. O fósforo é um componente crucial do ADN e do RNA, que são a base da vida. No entanto, é um elemento relativamente raro e também é relativamente inacessível na sua forma mineral, sendo de difícil dissolução na água.
As circunstâncias precisas para o surgimento do fósforo têm sido muito debatidas. Para tentarem decifrar este mistério, os cientistas usaram um modelo geoquímico para simularem as condições da Terra no seu início e entenderem como a vida veio a depender do fósforo e o tipo de ambiente em que este elemento se desenvolveu.
No laboratório, os cientistas recriaram a água do mar pré-histórica e fizeram experiências numa atmosfera sem oxigénio. A ideia surgiu depois de os cientistas analisarem as águas que banham os depósitos de sedimentos no mar báltico moderno, que são altas em fósforo e ferro, relata o SciTech Daily.
Nas experiências, os autores juntaram quantidades diferentes de ferro a um leque de amostras de água do mar sintética e testaram quanto fósforo a mistura conseguia suportar antes de se formarem cristais que se separassem do líquido. Depois usaram estes dados para construírem um modelo que podia prever quanto fósforo a água do mar conseguia ter dissolvido nestas condições.
Os resultados sugerem que a água do mar por si só pode ter sido uma grande fonte de fósforo. Hipóteses anteriores sugeriam que o fósforo teria surgido em ambientes especiais, como lagos alcalino, nascentes vulcânicas ácidas ou até em minerais raros encontrados só em meteoritos.
“Isto pode realmente mudar a forma como pensamos sobre os ambientes em que a vida se originou. Isto não significa necessariamente que a vida na Terra começou na água do mar, mas abre muitas possibilidades sobre como a água do mar poderia ter fornecido foósforo para diferentes ambientes”, explica Nick Tosca, autor do estudo.
Os resultados também podem ter implicações na busca pela vida além da Terra. As simulações das águas superficiais que atravessam as rochas na superfície marciana sugerem que a água rica em ferro também pode ter gerado fósforo neste ambiente.
Na realidade o estudo foi feito por geólogos. Tem implicações no aparecimento da vida, e portanto na Biologia como um todo, mas não é um trabalho da área da biologia ou feito por biólogos (como o título do tema leva a sugerir) já que assenta em modelação geoquímica de condições do oceano primitivo (que terão disponibilizado o Fósforo). Cada um a seu dono.
Por outro lado, o termo temporal “pré-histórico” utilizado várias vezes ao longo da peça, embora formalmente correcto, ele comporta para a maioria das pessoas uma conotação temporal arqueológica que pouco mais se estende para além do aparecimento de Hominídeos, ou seja, na sua maior parte ao Quaternário (últimos 2,6 milhões de anos), entrando eventualmente pelo Pliocénico (até aprox. 4 milhões de anos). Ora, este estudo simula condições que terão existido para além dos 3 mil milhões de anos, três ordens de grandeza mais do que poder-se-à depreender. Esta dimensão temporal do longínquo passado do Planeta deverá referir-se como tempos geológicos.