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O mistério do “lago dos esqueletos” na Índia intriga cientistas há décadas

Ashokyadav739 / Wikimedia

Lago Roopkund, na Índia

O Roopkund, localizado na parte indiana dos Himalaias, é um lago glacial com centenas de ossos humanos. E ninguém sabe como foram lá parar.

Em 1942, um guarda florestal revelou ao mundo a existência deste lago indiano e, desde então, o mistério paira no ar. Ao que tudo indica, “esconde” entre 600 e 800 cadáveres.

Quando as águas geladas derretem, emergem vários restos de cadáveres humanos, alguns ainda preservados com pele e músculo. Segundo o Live Science, ao longo de décadas, foram resgatados centenas de corpos, mas os cientistas nunca conseguiram perceber o que matou estas pessoas nem como foram lá parar.

Nos últimos anos, o mistério adensou-se. Uma análise genética do ADN dos ossos, detalhada num artigo científico publicado na Nature Communications em 2019, descobriu que pelo menos 14 das pessoas que morreram no lago não eram provenientes do sul da Ásia. Os seus genes correspondiam aos dos povos modernos do Mediterrâneo oriental.

O facto de os corpos serem geneticamente diversificados inviabiliza qualquer explicação que envolva uma catástrofe. A mesma investigação concluiu também que o grupo era geneticamente diversificado e que alguns óbitos estão separados por um espaço temporal de até mil anos.

Há, ainda assim, várias teorias sobre o Roopkunf, mais conhecido por “lago dos esqueletos”. Uma delas, difundida oralmente ao longo dos anos, defende que as ossadas pertencem a membros da família e empregados de um rei indiano que morreu durante uma avalanche, há cerca de 870 anos.

O lago está inserido numa trilha de peregrinação para Nanda Devi, uma manifestação da deusa hindu Parvati. A lenda conta que um rei enfureceu a montanha, reverenciada como uma deusa, ao ponto de fazer com que ela desencadeasse a seca no seu reino.

Para apaziguar a deusa, o rei partiu numa peregrinação que o levou além de Roopkund, ao atual estado de Uttarakhand. Mas a jornada, que teve direito a dançarinos e outros luxos, acabou por intensificar a raiva de Nanda Devi, que conjurou uma tempestade de granizo e matou todo o grupo.

Há cientistas que sugerem que um grupo de pessoas foi apanhado de surpresa por uma tempestade muito violenta e que a maioria das vítimas terá morrido de hipoter’mia.

Uma outra teoria indica que os misteriosos mortos do lago indiano poderiam ter pertencido a uma população isolada de centro-asiáticos que descendia de Alexandre, o Grande e dos seus exércitos.

Há também quem sugira que se tratam dos restos mortais de soldados indianos que tentaram invadir o Tibete, em 1841. Os soldados viram a sua missão fracassar, tentaram encontrar o caminho, mas acabaram por ficar soterrados na neve.

Uma outra teoria indica, por sua vez, que o local era uma espécie de cemitério para vítimas de epidemias.

Apesar de algumas das vítimas mortais poderem ter morrido em grupo, há corpos para os quais não se encontra justificação. Além disso, apontam os investigadores, era pouco provável que, há mais de mil anos, cidadãos europeus viajassem até uma região tão remota da Ásia para participarem numa peregrinação hindu.

O mistério permanece sem resposta e muito se deve ao facto de o Roopkund não ter sido bem estudado.

O lago está numa rota de peregrinação popular e há muitas pessoas que moveram, empilharam e até roubaram ossos ao longo das décadas. O tempo tempestuoso e altitude elevada também não permitiram um estudo sistemático dos restos mortais e da sua localização.

Liliana Malainho, ZAP //

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