Em 2018, paleontólogos encontraram um fóssil de um anquilossauros com espigões no crânio no Utah, nos EUA. A maioria dos dinossauros encontrados na área tinha uma armadura óssea suave no crânio, o que intrigou os cientistas que só agora conseguiram desvendar o mistério.
Depois de dez anos de investigação, a pesquisa foi finalmente publicada na quinta-feira na revista PeerJ, confirmando que estes fósseis estranhos são, na verdade, um novo tipo de dinossauro, atualmente representado por uma espécie – Akainacephalus johnsoni.
O nome do género Akainacephalus descreve o crânio único do animal, pois as palavras gregas “akaina” e “cephalus” significam, respetivamente, “ponta” e “cabeça”.
Ankylosaurids é uma família de dinossauros “blindados” que viveu durante o período Cretáceo – entre 100 e 66 milhões de anos. Na sua maioria, estes animais eram herbívoros e passavam os seus dias a arrastar-se, dando, por vezes, cabeçadas nos outros animais.
Existem muitos tipos diferentes de ankylosaurids, mas a maioria destes animais são oriundos do oeste da América do Norte durante o Cretáceo Superior e tinham uma armadura óssea suave nas suas cabeças.
A espécie de dinossauros de cabeça “espetada” foi descoberta há 76 milhões de anos, mas os cientistas perceberam, desde logo, que os vestígios encontrados no Utah não eram exatamente como os restantes – e levou bastante tempo até conseguirem enquadrar estes animais na árvore genealógica dos dinossauros.
Ao contrário do que seria de esperar, este novo tipo de dinossauro encontrado nos EUA não se relacionava com os anquilossauros encontrados no oeste da América do Norte. A equipa de investigação descobriu que a espécie akainacephalus johnsoni estava mais ligada com os anquilossauros asiáticos, como a Saichania e a Tarchia.
“Uma hipótese razoável seria que os anquilossauros de Utah estivessem relacionados com os animais encontrados noutros lugares no oeste da América do Norte, por isso ficamos surpreendidos ao descobrir que Akainacephalus está relacionada com espécies da Ásia”, disse Randall Irmis, curador de Paleontologia no Museu de História Natural de Utah.
Esta diferença geográfica significa que houve, pelo menos, dois movimentos migratórios durante o Cretáceo Superior. E, como Akainacephalus e um parente próximo de Nodocephalosaurus acabaram ambos no norte América, tiveram que, em algum momento, vaguear por terras asiática.
“É sempre excitante fazer a taxonomia de um novo fóssil. Mas é igualmente empolgante se esse táxon também fornecer informações sobre a pintura geral da sua vida, como a sua dieta alimentar, o seu comportamento ou o ambiente em que viveu”, explicou um dos autores do estudo, Jelle Wiersma.
“Este não é o primeiro dinossauro Akainacephalus do Cretáceo Superior descrito e identificado em Utah, mas este animal único também fortalece a evidência de que existiam diferentes origens de norte a do sul durante o período da antiga Laramidia”.
O esqueleto encontrado é o anquilossauro mais completo do Cretáceo Superior da região. Inclui um crânio completo, um conjunto de vértebras, uma cauda completa e até algumas partes dos membros anteriores e posteriores.
O dinossauro foi encontrado em 2008, mas só quatro anos depois é que foi possível remover todos os fósseis da rocha e dos escombros que estavam à sua volta.
“É extremamente fascinante e importante para a ciência da paleontologia que possamos ler tanta informação do registo fóssil, permitindo-nos entender melhor os organismos extintos e os ecossistemas dos quais faziam parte”, concluiu Jelle Wiersma.
ZAP // Science Alert
“A espécie de dinossauros de cabeça “espetada” foi descoberta há 76 milhões de anos, mas os cientistas perceberam, desde logo, que os vestígios encontrados em Utah não eram exatamente como os restantes (…)”
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