O mistério sobre a aparência do mais famoso escritor inglês de todos os tempos, William Shakespeare, parece ter sido finalmente resolvido.
De acordo com o jornal espanhol ABC, uma equipa de investigadores da Georgetown American University, nos Estados Unidos, concluiu que a efígie no seu túmulo na Igreja da Santíssima Trindade em Stratford-upon-Avon, Inglaterra, é provavelmente um retrato fiel da sua imagem.
Essa hipótese, que havia sido descartada anteriormente porque o monumento teria sido construído vários anos após a sua morte, foi colocada novamente em cima da mesa.
De acordo com a professora Lena Cowen Orlin, “é muito provável que Shakespeare tenha encomendado o monumento” e o seu criador tenha sido “alguém que o conheceu e o viu em vida”.
A obra, que John Dover Wilson, crítico do século XX, chamou de “açougueiro de porcos satisfeito consigo mesmo”, pode ser, segundo a professora, “um retrato da vida”, ao mesmo tempo que pode constituir “um desenho sobre a morte que mostra uma vida de aprendizagem e literatura“. Isto fica claro a partir de símbolos, como a caneta e a folha de papel, que aparecem na obra.
Segundo os investigadores, o artista poderia ter sido o artesão Nicholas Johnson, um fabricante de túmulos que teria conhecido o poeta e cuja oficina seria muito próxima do Globe Theatre, em Londres, um cenário icónico em que as obras de Shakespeare continuam a ser protagonistas.
Até agora, acreditava-se que a obra era do seu irmão Gerard Johnson, um escultor jacobino. A professora explicou que, na inscrição pintada na placa do monumento, foi deixado um espaço para que os dados funerários fossem acrescentados a posteriori – outra prova de que teria sido feito em vida.
Este achado explicaria porque Shakespeare, ao contrário de outros personagens de renome da época, não deixou instruções sobre o seu monumento póstumo no seu testamento.
“Eu também sugeriria que terá até mesmo desenhado ou supervisionado a criação do seu próprio monumento”, disse a especialista.
“Isto é verdadeiramente significativo. Podemos dizer que é assim que Shakespeare queria ser representado na nossa memória. Isto é muito importante. É uma nova luz atraente sobre a sua aparência”, saudou Paul Edmondson, chefe de investigação do Shakespeare Birthplace Trust, cujo objetivo é preservar os locais vinculados ao autor.
Estas descobertas sobre a verdadeira aparência do dramaturgo não são completamente novas. Em 2015, o historiador britânico Mark Griffiths afirmou ter descoberto num volume botânico do século XVII o único retrato do escritor, em que é visto com cabelos encaracolados e barba.
No livro “The Herball”, que é o maior volume da botânica escrito em inglês, aparece “um retrato de Shakespeare aos 38 anos, vestido com roupas de poeta. Era assim que realmente era, finalmente há uma prova de como era”, declarou na época.