Rússia disparou mísseis da Coreia do Norte contra a Ucrânia pela primeira vez

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CAR

Parte da secção da cauda de um míssil norte-coreano KN-23 ou KN-24, documentado em 12 de agosto de 2024

Restos de quatro mísseis norte-coreanos documentados após quatro ataques separados são a “primeira prova pública” de que os mísseis produzidos este ano por Pyongyang estão a ser usados na Ucrânia.

A Rússia utilizou pela primeira vez mísseis de fabrico norte-coreano na Ucrânia, revela um novo relatório publicado pela Conflict Armament Research (CAR).

Os mísseis, produzidos em 2024 em plena guerra na Ucrânia, são a “primeira prova pública de que os mísseis produzidos este ano na Coreia do Norte estão a ser utilizados na Ucrânia” e a primeira grande prova do comércio de armas em curso entre Moscovo e Pyongyang.

A equipa de investigação no terreno da CAR documentou restos de quatro mísseis norte-coreanos após ataques em 30 de julho, 5 de agosto, 6 de agosto e 18 de agosto de 2024. Entre os destroços recuperados encontrava-se um componente de míssil com a marcação “113”, que indica que foi fabricado em 2024 ao abrigo do calendário Juche da Coreia do Norte.

“As provas que a CAR observou e documentou exaustivamente em primeira mão estabelecem de forma irrefutável que o míssil disparado contra Kharkiv [em janeiro de 2024] era efetivamente de origem norte-coreana”, disse Jonah Leff, Diretor Executivo da CAR no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

As peças do míssil, incluindo dois atuadores de palhetas de jato, foram encontradas perto de Kiev, de acordo com a investigação ucraniana do grupo que acompanha a utilização de armas fornecidas em conflitos armados. O relatório contém vários registos fotográficos das peças encontradas.

Segundo a CAR, “a descoberta de uma marca de produção de 2024 num dos mísseis revela um curto período entre a produção destes mísseis balísticos e a sua utilização na Ucrânia“.

Violação do regime de sanções

O grupo sugere ainda que a Coreia do Norte tem capacidade para escapar às sanções internacionais e manter a sua produção de mísseis.

“Quaisquer exportações de mísseis balísticos da Coreia do Norte efetuadas após a introdução de embargos da ONU contra o país em 2006 representam violações do regime de sanções”, lembra a equipa de investigação.

“As resoluções 1718 (2006), 1874 (2009) e 2270 (2016) do Conselho de Segurança da ONU proíbem todos os Estados membros de adquirir armas ou material conexo à Coreia do Norte e proíbem a Coreia do Norte de exportar armas ou material conexo” e proíbem também a Coreia do Norte de desenvolver seu programa de mísseis balísticos, “o que significa que indivíduos, entidades e redes envolvidas na facilitação dessas transferências podem ter cometido violações”, lê-se no relatório.

O fornecimento contínuo de mísseis e artilharia da Coreia do Norte à Rússia faz parte de um alargado acordo de armas entre as duas nações. O líder norte-coreano, Kim Jong Un, e o presidente russo, Vladimir Putin, têm vindo a reforçar os seus laços militares desde 2022, que culminou num pacto de defesa mútua em maio de 2023.

Em troca de armas, a Coreia do Norte estará a receber bens essenciais como alimentos e combustível, bem como tecnologia militar avançada.

Tomás Guimarães, ZAP //

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5 Comments

  1. Neste caso era simples…
    A russia ser banida do concelho de seguranca da ONU e deixar de ter todo poder de embargo de resoluções.
    Tecnicamente nao mudava nada, mas em termos diplomaticos teria uma seria repercussão para a Rússia

  2. A ONU é um verbo de encher. Aquilo para pouco serve. Assim como o seu Secretário Geral que é um palrapatecas, um picareta-falante de pouca utilidade.

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  3. ONU é NADA – Eis a questão . O atual Secretário não está a altura do cargo que ocupa e a Organização passou a ser um trampolim para “parasitas ” burocratas . É o que pensa , joaoluizgondimaguiargondim

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