José Sá Fernandes investigado pelo Ministério Público. Câmara “não tem acesso” a documentos do ex-vereador

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António Cotrim / Lusa

O advogado José Sá Fernandes, ex-vereador do Bloco de Esquerda na Câmara Municipal de Lisboa

José Sá Fernandes está a ser investigado pelo Ministério Público no âmbito dos inquéritos à Câmara Municipal de Lisboa.

O ex-vereador na Câmara Municipal de Lisboa José Sá Fernandes é um dos alvos da investigação do Ministério Público e da Polícia Judiciária nos inquéritos à autarquia.

Segundo o Correio da Manhã, está a ser investigado o período em que Sá Fernandes acumulou a função de vereador do Ambiente e Energia em exclusividade com a presidência da Lisboa E-Nova, Agência de Energia e Ambiente de Lisboa, entre 2017 e 2021.

A autarquia lisboeta é o associado que paga a quota mais elevada na Lisboa E-Nova, associação privada sem fins lucrativos cujo objetivo é promover o desenvolvimento sustentável da cidade e respetiva área metropolitana.

Nas buscas realizadas na semana passada, os inspetores da PJ solicitaram aos serviços camarários documentação do gabinete de Sá Fernandes, enquanto ex-vereador.

De acordo com o que o CM apurou, os serviços camarários informaram a PJ que não tinham acesso aos documentos do gabinete do ex-vereador do Bloco de Esquerda e que apenas o próprio poderia permitir o acesso ao seu antigo gabinete.

O atual coordenador da Jornada Mundial da Juventude garantiu entretanto que não tem conhecimento do inquérito e que não foi contactado por ninguém a propósito do tema.

Entre dezembro de 2017 e outubro de 2021, Sá Fernandes acumulou o salário de vereador (3199 euros brutos mais 653 em despesas de representação) com as despesas de representação recebidas como presidente da Lisboa E-Nova (cerca de 1000 euros).

As despesas de representação não são um salário”, diz o ex-vereador. Além disso, acrescenta Sá Fernandes, “A câmara é que me nomeou para presidente da Lisboa E-Nova e foi aprovado em reunião de câmara. Não há impedimento nenhum. Isso já acontecia antes de mim”.

Nomeado pelo Governo para coordenar o grupo de acompanhamento da JMJ, José Sá Fernandes envolveu-se recentemente na polémica sobre os custos da organização da Jornada — tendo mesmo levado a que o presidente da autarquia, Carlos Moedas, cortasse relações com o antigo vereador.

A relação entre ambas as partes já não era pacífica, mas deteriorou-se ainda mais após Sá Fernandes ter publicamente desmentido Carlos Moedas.

Em Novembro, quando chamado ao Parlamento para explicar como vai a preparação do evento, Sá Fernandes criticou às autarquias envolvidas e sugeriu até que alguns valores apresentados pelos custos estariam inflacionados.

Após ser conhecido o valor do palco-altar, a troca de galhardetes entre Moedas e Sá Fernandes chegou a um novo nível.

Moedas justifica o custo astronómico dizendo que teve de “começar do zero” a preparar o evento, algo que o vereador dos espaços verdes do mandato do anterior presidente, Fernando Medina, desmente, dizendo que a CML tinha opções mais baratas à sua disposição.

A Câmara de Lisboa recusou sempre responder directamente a Sá Fernandes, remetendo-se apenas à sua relação com o executivo.

Os comentários do antigo vereador estão na origem do corte de relações com Carlos Moedas, que anunciou entretanto que iria assumir diretamente a gestão da participação da autarquia  fará na organização da JMJ.

Entretanto, o Governo reafirmou esta quarta-feira a sua confiança em José Sá Fernandes como coordenador do grupo de projeto para a Jornada Mundial da Juventude, reafirmou esta quarta-feira fonte do gabinete da ministra-Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes.

“José Sá Fernandes é o coordenador do grupo de projeto para a Jornada Mundial da Juventude”, disse à Lusa uma fonte do gabinete da ministra-Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes.

ZAP //

5 Comments

  1. Vocês estao bons da cabeça? Ilustram uma noticia sobre o Jose SaFernandes com uma fotografia do Ricardo SaFernandes? Aconselho a corrigirem rapido e a enviar pedido de desculpas ao visado.

  2. “Não tem acesso” a documentos? O Ministério Público que peça, não é Órgão suficiente para isso? A justiça dos homens já está contaminada. Só acredito na Justiça Divina que tarda mas não falha.

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