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Mineração de ouro deixa terras da Amazónia áridas por vários anos

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A mineração de ouro na Amazónia está a deixar as suas terras áridas durante vários anos. Além disso, os rios também ficam altamente contaminados com mercúrio.

A mineração de ouro aumentou rapidamente em toda a região amazónica nos últimos anos, especialmente ao longo do Planalto das Guianas, onde é responsável por até 90% da desflorestação total. O Planalto abrange Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Venezuela e pequenas partes da Colômbia e norte do Brasil, e as suas florestas retêm aproximadamente 20 mil milhões de toneladas de carbono.

Grande parte da perda de floresta na região é causada por mineiros artesanais e de pequena escala, que respondem rapidamente a aumentos nos preços internacionais do ouro. Muitas vezes, deixam para trás uma extensa erosão do solo e rios contaminados com mercúrio.

Os cientistas tinham analisado como é que as florestas recuperam após serem convertidas em campos e pastagens, e depois abandonadas. Eles descobriram que estas “florestas secundárias” em recuperação foram capazes de manter a biodiversidade e acumular carbono, entre outras coisas. No entanto, nenhum desses estudos comparou a recuperação de florestas após a agricultura com o que acontece após a mineração de ouro.

Um novo estudo publicado este domingo no Journal of Applied Ecology revela que a mineração de ouro limita significativamente a regeneração das florestas amazónicas e reduz bastante a sua capacidade de acumular carbono. As taxas de recuperação em poços de mineração abandonados estavam entre as mais baixas já registadas em florestas tropicais, em comparação com a recuperação da agricultura e pastagem.

Os investigadores estimam que, na Amazónia, a mineração de ouro faz com que cerca de 2 milhões de toneladas de carbono florestal sejam perdidas a cada ano. A falta de regeneração observada mostra que esse carbono perdido pode não ser recuperável, dentro do que seria considerado um período normal de regeneração, simplesmente deixando essas minas abandonadas para a natureza.

Também foi observado que os locais de mineração ativos tinham, em média, 250 vezes mais concentrações de mercúrio do que os locais abandonados. A poluição por mercúrio é especialmente prejudicial para os peixes, que são parte integrante da dieta das comunidades locais e indígenas nesta parte do mundo.

A recuperação mais lenta devido à mineração é particularmente preocupante, uma vez que a mineração é um fator cada vez mais importante da desflorestação na Amazónia, com mais de um milhão de quilómetros quadrados que poderiam ser reservados para a mineração de ouro e outros minerais.

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