Cerca de 150 pessoas juntaram-se este sábado em Morgade, no concelho de Montalegre, numa vigília para alertar contra a mina de lítio a céu aberto prevista para aquele concelho, plantando árvores perto dos furos das prospeções já realizados.
A iniciativa da Associação Montalegre Com Vida atraiu dezenas de pessoas ao final da tarde em Morgade, concelho de Montalegre, distrito de Vila Real, e envolveu uma caminhada com passagem pelos locais onde já foram realizadas sondagens e prospeções.
Num ato simbólico, foram ainda plantadas várias árvores nesses locais, seguindo-se ainda uma tertúlia entre os participantes, onde não faltou comida e música.
Com os manifestantes envergando t-shirts contra a exploração mineira e com cartazes espalhados por vários locais com frases como “sim à vida, não à mina”, a associação contou na iniciativa com vários populares do concelho e, também, com a presença de diversas associações contra explorações mineiras em outros pontos do país.
Armando Pinto, da Associação Montalegre Com Vida, explicou que a pandemia de covid-19 interrompeu algumas ações de protesto e iniciativas que estavam previstas, mas realçou que a vigília foi marcada para relembrar que a “luta contra as minas não esmoreceu”.
“Não podemos, nem vamos permitir que isto aconteça. Estamos dispostos a ir até onde for necessário para proteger a nossa terra”, garantiu, acrescentando que há um sentimento de abandono “por parte do poder central e do poder local”.
O responsável sublinhou ainda ser incompatível uma mina a céu aberto naquele concelho que é reserva da biosfera e que, juntamente com o concelho de Boticas, é considerado Património Agrícola Mundial.
“Custou muito conquistar esse selo e temos a informação de que se houverem minas nos dois concelhos o selo vai ser perdido. Será extremamente grave perder um selo único na Europa”, apontou.
O ativista questionou ainda o impacto ambiental e para a saúde do objetivo da empresa Lusorecursos Portugal Lithium em explorar “uma mina a céu aberto com 800 metros de diâmetro e em construir uma zona industrial junto à aldeia de Morgade, de 200 hectares, que irá consumir 5 mil metros cúbicos de área por dia”.
“É explicado no resumo ‘não técnico’ divulgado pela empresa que vão buscar a água à barragem do Alto Rabagão e explorar as nascentes à volta. Esta barragem abastece o norte de Portugal”, alertou.
Presente também na iniciativa, Justino Dias, da aldeia de Morgade, explicou à Lusa que será uma pessoa “muito afetada” caso a exploração avance naquele local. “Seremos afetados por muitas razões, vamos ficar sem terrenos, teremos um buraco à porta e não sabemos até quando vamos conseguir viver aqui”, realçou.
O agricultor, de 37 anos, frisou ainda que ficará sem trabalho e recordou também a proximidade das aldeias da mina com uma área de 800 hectares.
Para Justino Dias, a participação na iniciativa tem como objetivo “mostrar ao Governo e poder central que estão errados em apostar neste investimento” e que “há aqui gente”.
Também agricultor, António Nogueira é outro dos moradores apreensivo com a hipótese de ter uma mina de lítio à porta de casa. Com os seus terrenos na aldeia de Rebordelo, situados perto da área que será explorada, o agricultor, de 59 anos, considera que o seu modo de sobrevivência “irá perder-se”.
“A fonte da vida é a água e se me retiram os terrenos ficam inférteis. Vim para a agricultura com 36 anos por opção, fiz aqui casa e agora com 59 anos querem destruir-me”, apontou.
António Nogueira frisou ainda que por parte da empresa que detém o contrato de exploração nunca foi contactado.
O contrato de concessão de exploração de lítio no concelho de Montalegre foi assinado em março de 2019, entre o Governo e a Lusorecursos Portugal Lithium, e tem estado envolto em polémica.
A empresa tem dito que a exploração da mina de lítio em Morgade vai ser mista, efetuando-se primeiro a céu aberto e depois em subterrâneo, e prevê a construção de uma unidade industrial para transformação do minério.
Em janeiro, a Lusorecursos Portugal Lithium anunciou a entrega do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do projeto “Concessão de Exploração de Depósitos Minerais de Lítio e Minerais Associados – Romano” à Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
No entanto, dias depois, a APA esclareceu que “não foi efetuada a instrução” do EIA da exploração de lítio em Montalegre pelo incumprimento de condições como, por exemplo, um documento relativo aos impactos transfronteiriços.
// Lusa
Força! Não se deixam fazer!
Quando o secretário de estado Galamba afirmou no Prós e Contras de que estas explorações só irão avançar se garantirem a protecção ambiental e a reposição dos danos causados no final da exploração.
Ora, uma necessidade diária de 5 mil m3 de água, por mais estações de tratamento que tenha, tendo em conta os químicos tóxicos necessários e os exemplos no mundo, não há forma de repor os lençóis freáticos desintoxicados em tempo útil.
Assim leva-me a concluir de que os governantes envolvidos ou são incompetentes e ignorantes… ou então aldrabões. Nem uma nem outra serve o país e o povo.
E pior que tudo é irem contra a vontade do povo local afectado; chamarem a isto democracia é demagogia.
Apostar em tecnologia mais amiga do ambiente sim, mas já é tempo de começarmos a abandonar o q requerer minérios raros como o lítio.
Mania de colocarem economistas a governar o mundo.
Mas, a exploração do lítio já começou??
Pois… não começou e quase que aposto que nunca vai começar…
Como eu referi antes, essas multinacionais mafiosas já estão habituadas a estes esquemas e, se não houvesse fundos/subsídios, eles nem sequer punham os pés em Montalegre, etc!…
Vamos lá ver o que essa Savannah Resources vai fazer e quanto empregos vai criar… e quantos milhões vai receber para fazer “prospecções”…