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Mina que produziu diamante para Isabel II investigada por abuso de direitos humanos

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Hansueli Krapf / Wikimedia

Mina de Williamson, na Tanzânia

Uma mina da Tanzânia, que produziu um diamante rosa para um dos alfinetes de peito favoritos da rainha Isabel II, está a ser investigada por haver suspeitas de que os seguranças do local agrediram e balearam vários trabalhadores.

As novas alegações surgem meses depois de uma ação judicial sugerir abusos “graves” dos direitos humanos. A ação foi movida contra a Petra Diamonds, a empresa britânica que é proprietária da mina, no Tribunal Superior em Londres. Contudo, a empresa afirma ser vendedora de “diamantes éticos”.

Em setembro de 2020, a empresa jurídica Leigh Day apresentou várias queixas de supostas violações de direitos humanos, incluindo mortes, em nome de 35 tanzanianos que alegam que eles próprios, ou os seus familiares, foram espancados ou baleados por seguranças da mina de diamantes Williamson.

A Petra Diamonds referiu que levou as alegações “extremamente a sério” e no ano passado abriu uma investigação. A empresa lançou outra investigação sobre reivindicações semelhantes levantadas em novembro de 2020 pela organização de caridade britânica Rights and Accountability in Development (Raid).

Com base na pesquisa realizada entre setembro de 2019 e novembro de 2020, a Raid alegou que vários trabalhadores ilegais foram detidos, torturados e espancados por seguranças da mina de Williamson, o que resultou em pelo menos sete mortes.

A empresa detentora da mina está agora a investigar outras alegações da Raid que envolvem trabalhadores da área de segurança entre novembro de 2020 e janeiro de 2021, entre eles tiroteios e agressões.

A Raid afirma que registou 79 “incursões” em Williamson durante o período de três meses, 19 das quais exigiram “força razoável”. Por outro lado, a Petra Diamonds refere que não encontrou evidências de uso injustificado da força pelo pessoal de segurança ou de ferimentos, conforme descrito nas alegações do ataque.

Num suposto incidente em dezembro de 2020, um mineiro disse à Raid que foi perseguido por um segurança da empresa privada da mina, a Zenith Security, que o baleou na cara.

No entanto, a Petra Diamonds disse que não tem como verificar esta situação. “Nenhum confronto foi relatado pela Zenith ou pela WDL na noite em questão”, referiu. Por sua vez, a  Zenith Security não respondeu aos pedidos de comentários feito pelo The Guardian.

Enquanto o assunto está a ser investigado a empresa, que possui a maior parte da mina, suspendeu os serviços gerias de segurança, contratando outra firma para executar este trabalho.

A diretora executiva da Raid, Anneke Van Woudenberg, considera que as suspeitas do que se passou na mina são uma “ilustração nítida das etapas que a empresa ainda precisa para resolver o problema [de direitos humanos]”.

A mina Williamson, que está ativa desde 1940, fica em Shinyanga, uma das regiões mais pobres da Tanzânia.

Um diamante rosa de 54,5 quilates encontrado no local foi oferecido à princesa Isabel, atual rainha de Inglaterra, no seu casamento em 1947. Os diamantes rosa de alta qualidade são avaliados em 503.000 libras o quilate.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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